60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação gemelar de mola hidatiforme parcial e feto viável concomitante: Relato de Caso

CONTEXTO

A incidência de uma gestação gemelar dizigótica com doença trofoblástica gestacional (DTG) em um ovo e gravidez normal em outro é uma condição rara, porém, uma das formas de apresentação de DTG que se apresenta em cerca de 1 a 22 000 a 100 000 gestações. O diagnóstico diferencial entre mola hidatiforme parcial (MHP) e gestação gemelar dizigótica (gestação molar e feto normal) é que, na primeira, o feto apresenta malformações relacionadas à triploidia e cursa com óbito, quando na segunda, o feto é viável e pode sobreviver. MHP, neste caso, ocorre com uma incidência de 0,005%-0,1%.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente, 29 anos, hígida, história de amenorreia e β-hCG positivo. Antecedente obstétrico com 1 aborto. Ecografia morfológica com idade gestacional de 13 semanas e 5 dias, feto presente e com batimentos cardíacos, morfologia normal, porém, observado massa heterogênea sugestiva de DTG. No seguimento pré-natal, a paciente apresentou aumento pressórico com necessidade de tratamento medicamentoso. Não houve alterações laboratoriais ou clínicas que determinassem diagnóstico de pré-eclâmpsia. Com 31 semanas e 6 dias de gestação, exame ultrassonográfico obstétrico constatou peso fetal no percentil 10 e oligodramnia (ILA 39mm). Foi optado por interrupção da gestação. Recém nato vivo e em boas condições foi assistido pela equipe. A avaliação histológica do tecido placentário demonstrou placenta de terceiro trimestre e tecido com alterações que aventou MHP. Não foi realizado avaliação genética do material. O seguimento pós-molar evidenciou a persistência de níveis elevados de β-hCG, obtendo-se remissão completa após aproximadamente 1 ano após o parto.

COMENTÁRIOS

Apesar de todas as condições de DTG aumentarem riscos materno-fetais, a MHP tem menor risco de complicações maternas. Hemorragias gestacionais, trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia grave, tireotoxicose e óbito fetal intrauterino são algumas das desordens mais prevalentes em gestações molares. Cesárea é sugerido como via para desfecho obstétrico devido ao risco metástases celulares trofoblásticas se contrações uterinas espontâneas. A chance de DTG persistir é maior na mola hidatiforme completa (MHC), 12%, que na MHP, 4%, ambas demandam seguimento de β-hCG. O estudo histopatológico, apesar de ser capaz de diferenciar MHC (alteração vilositária difusa e ausência de feto) e MHP (presença de âmnio ou tecido de origem fetal) na DTG em gestação gemelar, a chave desse diagnóstico é o cariótipo do tecido molar.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Camila Silveira de Souza, Leonardo Marcon Guedes, Gustavo Wandresen, Helena Maria Amorim Souza Lobo, Afonso Clemer Lopes Tosin, Amauri do Rosário, Roberto Ribeiro Fontão