60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

MORTALIDADE MATERNA NO BRASIL: O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19.

OBJETIVO

Descrever a taxa de mortalidade materna no Brasil em 2020 e avaliar o impacto da pandemia de COVID-19, correlacionando com taxas de anos anteriores.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo retrospectivo, elaborado com dados secundários, caracterizado como pesquisa de natureza descritiva e caráter quantitativo, utilizando o Portal de Informações do DATASUS como base de dados. Dessa forma, em concordância com a resolução 510\2016 e nos termos da Lei 12.527\2011, não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. As variáveis pesquisadas foram: número total de óbitos maternos para os anos de 2019 e 2020, momento do óbito (gravidez, parto e puerpério), faixa etária, taxa de mortalidade por região do Brasil. Os resultados foram inseridos no Programa Excell e elaborados gráficos e tabelas, para melhor interpretação, visualização e comparação dos dados.

RESULTADOS

Em 2020, o Brasil registrou um aumento de 26,5% no número de mortes maternas, totalizando 1679 óbitos. Destes, 499 aconteceram na gravidez, parto ou aborto e 1180 ocorreram no puerpério até 42 dias após o parto. Em comparação à 2019, os óbitos no puerpério
aumentaram 13,9%. A comparação entre 2019 e 2020 revela aumento de óbitos maternos de 20% na região Norte, 43,7% na região Nordeste, 15,8% no Centro-Oeste, 20,4% no Sudeste e 19% no Sul. Independente da faixa etária materna, o predomínio de óbitos ocorreu no período puerperal. Um exemplo dessa relação é que de 126 óbitos entre 15 e 19 anos, 90 ocorreram no puerpério. Do total geral de óbitos,
47,3% ocorreram em mulheres entre 30 e 39 anos (dos 794 óbitos, 581 foram no puerpério) e 36% nas mulheres entre 20 a 29 anos (total de 605 óbitos, sendo 406 no puerpério). Nos extremos de idade temos 0,5% dos óbitos em mulheres de 10 a 14 anos e 8,7% em mulheres de 40 a 49 anos.

CONCLUSÕES

O aumento no número de mortes maternas no período do estudo, evidencia a necessidade de melhorias na qualidade da assistência
prestada durante a gravidez, parto e puerpério. O impacto da pandemia de COVID-19, ao longo do ano de 2020, pode ter colaborado de forma importante para o aumento da mortalidade, sobretudo nas regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como as regiões Norte e Nordeste. O período puerperal, apresentou um maior aumento do número de casos e merece uma atenção especial, em todas as regiões do País, voltada para um controle e monitoramento da mulher no período pós-gravídico, para melhorar o cuidado e a assistência primária nesse grupo populacional.

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

PATRÍCIA LEITE BRITO, BRUNA BORGES SANTOS