Dados do Trabalho
TÍTULO
GESTAÇÃO GEMELAR MONOAMNIÓTICA COM ENTRELAÇAMENTO DE CORDÕES UMBILICAIS E ARTÉRIA UMBILICAL ÚNICA
CONTEXTO
As gestações monoamnióticas são raras, a ocorrência varia de uma a cada 10 a 25.000 gestações e estão associadas a uma morbidade e mortalidade fetais elevadas. Artéria umbilical única é um achado comum e pode associar-se a malformações fetais. O relato descreve um caso de gestação gemelar monoamniótica, com entrelaçamento de cordões e um dos fetos com artéria umbilical única.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
TBT, 24 anos, branca, secundigesta, com um parto cesárea anterior, sem comorbidades, encaminhada de outro serviço com 25 semanas de idade gestacional para confirmação e acompanhamento de gestação gemelar monocoriônica/monoamniótica. A monoamniocidade foi confirmada. A diferenciação entre os fetos nos exames foi realizada pelas seguintes características: o feto 1 encontrava-se à direita e o feto 2 à esquerda, com artéria umbilical única. A placenta era uma massa placentária única em parede anterior do útero. As inserções placentárias dos cordões umbilicais eram próximas e os cordões se encontram entrelaçados desde o primeiro exame ultrassonográfico realizado. As biometrias fetais foram sempre concordantes, apresentando uma diferença de peso de 2,7% no último ultrassom realizado. À dopplerfluxometria evidenciou fluxo feto placentário normal para ambos os fetos. O acompanhamento ultrassonográfico foi semanal e a gestação foi interrompida com 32 semanas e 2 dias. Nasceu gemelar 1, cefálico, do sexo feminino às 10:03, apgar 8/9, pesando 1.465 gramas e às 10:05 gemelar 2, cefálico, do sexo feminino, apgar 7/9, pesando 1.545 gramas.
COMENTÁRIOS
A gestação gemelar monoamniótica está frequentemente associada a complicações, como óbito fetal de um ou dois gemelares, a restrição de crescimento intrauterino e a discordância de peso fetal. O entrelaçamento de cordões umbilicais pode ocorrer em 48 a 71% das gestações e ser responsável por até 80% dos óbitos fetais. A artéria umbilical única, encontrada em um dos gemelares do caso, tem incidência de 0,1-1,6% e é mais frequente em gestações múltiplas, podendo associar-se a anormalidades cromossômicas e malformações do trato geniturinário, gastrointestinal, cardiovascular e do sistema musculoesquelético. Apesar de não haver consenso na literatura em relação à conduta, especialmente em relação à prevenção do óbito fetal, a vigilância fetal intensiva é mandatória. A interrupção da gestação está indicada após 32 semanas, quando os riscos da prematuridade são menores que os riscos de óbito fetal na gestação gemelar monoamniótica.
Área
OBSTETRÍCIA - Medicina fetal
Autores
Amanda Roepke Tiedje, Amanda Mello, Ana Luiza Macedo, Isabela Dorigo, Ana Caroline Zocche, Cristos Pritsivelis, Jair Braga