60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Impacto da paridade e do tipo de parto na função do assoalho pélvico em mulheres jovens: uma avaliação com a ultrassonografia tridimensional (US 3D) do assoalho pélvico.

OBJETIVO

Avaliar parâmetros clínicos e anatômicos obtidos pela ultrassonografia 3D do assoalho pélvico (US 3D) em mulheres multíparas e nulíparas em idade fértil; avaliar sintomas subnotificados de disfunção sexual (DS), incontinência urinária (IU) e incontinência a flatos (IF) e avaliar a relação entre disfunção do assoalho pélvico com os parâmetros obtidos na US 3D.

MÉTODOS

Mulheres sem queixas específicas de disfunção ou prolapso do assoalho pélvico, entre 20 e 50 anos, foram elegíveis para este estudo transversal realizado nos ambulatórios do Departamento de Ginecologia da EPM – UNIFESP de 2017 a 2019. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição sob o número 0294/2017. As participantes assinavam o TCLE, completavam o questionário de IU e saúde geral (King´s Health Questionnaire - KHQ), o Índice de Função Sexual Feminina (FSF-I) e o questionário de incontinência anal, o St. Mark Incontinence Score (SMIS), adaptado para este estudo. Em seguida, submetiam-se ao exame físico e à US 3D do assoalho pélvico num equipamento GE Volusom 730. As imagens foram salvas e depois analisadas pelo software 4D View GE Healthcare. As pontuações dos questionários foram correlacionadas com as medidas das imagens da US 3D.

RESULTADOS

203 mulheres atenderam aos critérios de inclusão, sendo classificadas em 4 grupos: nulíparas (NU, 59), parto vaginal (PV, 80), parto fórceps (PF, 18) e parto cesárea (PC, 48). O poder da amostra para determinar a diferença da média em repouso, entre os grupos PV e PP em relação aos grupos NU é de 98% e entre PV e PF em relação ao PC é de 85% e o nível de significância foi de 5% (p-valor ≤ 0,05). Os grupos foram homogêneos quanto à idade (p=0,096), paridade (p=0,051) e IMC (p=0,06). A área hiatal (AH) (p=0,003) e diâmetro transverso (DT) (p=0,001) foram significativamente diferentes entre os grupos. As mulheres com PV e PF apresentaram maiores AH e DT em relação aos grupos NU e PC. Observou-se sintomas subnotificados de SD (46,3%), IU (35%) e IF (28%). Diferenças entre sintomas e tipos de parto foram observados para IU (p<0,001), IF (p<0,001) e DS (p=0,002). A IU foi relacionada a maior AH (p=0,002) e diâmetro ântero-posterior (AP) (p=0,022), IF foi associado a uma espessura menor do músculo pubovisceral esquerdo (p=0,013), e a DS foi relacionada a maior AH (p=0,026).

CONCLUSÕES

A US 3D mostrou alterações morfológicas,principalmente após PV e PF. Esses achados foram associados a maior incidência de DS, IU e IF, o que impactou de forma negativa na qualidade de vida.

Área

GINECOLOGIA - Uroginecologia

Autores

Monica Leite Grinbaum, Ana Maria Homem de Melo Bianchi-Ferraro, Claudinei Alves Rodrigues, Marair Gracio Ferreira Sartori, Zsuzsanna Katalyn Ilona Jàrmy-DiBella