60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Úlcera vulvar aguda de Lipschütz. Relato de caso.

CONTEXTO

A ulceração vulvar aguda de Lipschütz, relatada pela primeira vez em 1912, é uma condição não adquirida sexualmente e caracterizada pelo aparecimento súbito de algumas úlceras genitais. Cerca de 90% dos casos ocorrem em mulheres com menos de 20 anos de idade e sem vida sexual. Sua etiologia permanece desconhecida, embora tenham sido associadas a agentes infecciosos como o vírus Epstein Barr. As lesões são geralmente de uma a três, dolorosas e maior que 1 cm de tamanho, bem delimitadas, com centro fibrinoso e necrótico e de distribuição simétrica. As aftas são encontradas em apenas 10% dos casos.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente de 15 anos de idade referiu “ferida” na vagina há dois dias, de aparecimento súbito, acompanhada de ardência no local e dor a micção. Negou corrimento, prurido ou a presença de lesões vesiculares prévia. Cinco dias antes do surgimento da lesão genital apresentou dor de garganta, cefaleia e tosse seca. Função intestinal normal. Menarca: 12 anos. Ciclos menstruais regulares. Nega atividade sexual, virgo. Nega tabagismo. Ao exame físico: bom estado geral, corada, hidratada, afebril. Mucosa oral sem alterações. Mamas e abdômen: sem alterações. Ausência de gânglios palpáveis. Exame vulvar: presença de 3 úlceras arroxeadas, sem secreção, com sinais flogísticos, maior que 1 cm, com centro necrótico sendo duas em grande lábio direito e uma no grande lábio esquerdo e dolorosas ao toque. Ausência de sangramento. Realizada orientação higiênica, corticoide tópico e analgésicos. Foram realizados: hemograma com hemoglobina de 14,4 g/dl, 7.000 leucócitos e 47% de linfócitos, sorologia para Epstein Barr IgG 75,09 e IgM 0,23 e PCR 16,25. Houve regressão significativa das lesões a partir da terceira semana do quadro.

COMENTÁRIOS

A úlcera vulvar aguda de Lipschutz desaparece espontaneamente, sem sequelas e recorrência, em cerca de 3-4 semanas e está temporariamente associada a uma infecção, mais frequentemente uma doença semelhante à gripe ou uma síndrome de mononucleose infecciosa. A sorologia desta paciente para o vírus Epstein Barr mostrou IgM de 0,23, baixo e IgG 75,09, alto, sugere que a exposição ao vírus ocorreu há mais 30 dias. Referente ao tratamento os corticosteroides sistêmicos não reduzem a duração da doença.

Área

GINECOLOGIA - Infância e Adolescência

Autores

Walquíria Quida Salles Pereira Primo, Silvia Kenj, Ana Carolina Ferreira de Sousa Seguti, Ana Paula Farago Alvarenga, Lara Khaled Porto, Marina Souza Rocha, Kelvin Warley Pereira Silva