60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

INCIDÊNCIA DE CONSTIPAÇÃO INTESTINAL DURANTE A GRAVIDEZ

OBJETIVO

Avaliar a incidência de constipação intestinal entre gestantes; investigar associação entre a condição e baixa ingesta hídrica, consumo insuficiente de fibras e/ou sedentarismo; verificar o período gestacional em que mais se estabelece a constipação intestinal; analisar a percepção das gestantes acerca de seu hábito intestinal e investigar o uso de laxativos.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de coorte não-concorrente, realizado em maternidade pública. Foram incluídas no estudo pacientes maiores de 18 anos internadas para o parto, que consentiram em participar da pesquisa. Realizou-se entrevista presencial e aplicação de questionário com tópicos referentes ao hábito intestinal das pacientes, assim como alimentação, ingesta hídrica e prática de atividades físicas. As entrevistas ocorreram diariamente de abril a maio de 2022. Foram adotados os critérios de Roma IV modificados para a definição de constipação intestinal, considerando-se constipadas as gestantes que referiram dois ou mais sintomas em mais de 25% das evacuações por pelo menos um mês. A associação das variáveis e desfecho foi verificada através de análise uni e bivariada a partir do teste não-paramétrico de Pearson, adotando-se valor de significância de 5%. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE: 51203821.6.0000.5258.

RESULTADOS

Constituiu a amostra 58 gestantes, sendo a incidência de constipação intestinal auto-referida de 72,4%. Considerando-se os critérios de Roma IV, a incidência foi de 63,8%. Ao se comparar a percepção das gestantes com os critérios de Roma, há fraco grau de concordância, com coeficiente kappa de 0,34. 38,4% das gestantes referiram instalação dos sintomas no primeiro trimestre e 43,5% no segundo. O uso de laxativos foi identificado em 15,5% das entrevistadas, tendo 30% destas referido automedicação. Foi verificada maior incidência de constipação nas pacientes que consumiam menos de 2 litros de água diariamente, em comparação àquelas que apresentavam maior ingesta hídrica (76,3% vs 40%; p= 0,006). Observou-se também mais sintomas dentre as pacientes que negavam o consumo habitual de frutas e vegetais em relação às que consumiam estes alimentos frequentemente (94,4% vs 50%; p= 0,001). Não houve diferença entre os grupos quanto à prática de atividades físicas (p= 0,24).

CONCLUSÕES

A constipação é uma queixa frequente entre as gestantes, principalmente nos primeiros trimestres, tendo o auto-relato superestimado esta incidência. Verificou-se associação com hábitos de vida e uso de laxantes.

Área

OBSTETRÍCIA - Predição / prevenção de doenças no ciclo gravídico puerperal

Autores

Ana Beatriz Guelber Magrani, Andrea Povedano, Regina Rocco