60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Úlcera de Lipschutz, episódio recorrente. Um Relato de Caso

CONTEXTO

A úlcera genital aguda conhecida como Lipschutz, trata-se de uma condição incomum, subdiagnosticada, não sexualmente transmissível, caracterizada por ulcerações genitais autolimitadas, comumente presentes em mulheres jovens (abaixo de 20 anos de idade), sem vida sexual iniciada. Tem a sua patogenia ainda incerta, apesar de que é sabido possuir relação causal com a infecção pelo Epstein Barr Virus. As úlceras usualmente são precedidas de uma sintomatologia mononucleose-like que evoluem com o surgimento de úlceras vulvares dolorosas, geralmente maiores que 1 cm, com borda eritematosas, fundo necrótico exsudativo. Lesões bilaterais simétricas (“aspecto em beijo”) são comuns. O diagnóstico é eminentemente clínico. Por ter caráter autolimitado, com cicatrização espontânea, sem sequelas, o tratamento é principalmente sintomático.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente de 12 anos, menarca aos 11 anos de idade, virgo, admitida no serviço com relato do aparecimento de lesões ulceradas dolorosas, de aspecto enegrecido e com saída local de secreção amarelada. Relata dois episódios semelhantes, em Abril de 2022 e depois em Junho de 2022. Ambos foram precedidos de sintomas compatíveis com uma síndrome gripal, além da associação de lesões orais aftosas no início do quadro.
Houve indicação de debridamento após o primeiro episódio, com posterior melhora.
Ao exame físico, presença de lesão necrótica em pequeno lábio direito, 1,5 cm de diâmetro associado a úlcera necrótica contralateral, em pequeno lábio esquerdo. Sem lesões orais.
Conduzido com manejo sintomático, com uso de Prednisona oral, Ibuprofeno, Dipirona, Clobetasol e lidocaína tópicos, com bom controle dos sintomas e boa evolução do quadro

COMENTÁRIOS

O diagnóstico etiológico das úlceras genitais permanece como um desafio para os prestadores de cuidados em ginecologia. Dentre os aspectos envolvidos nisso, está o fato de que a análise macroscópica de forma isolada possui um baixo valor preditivo positivo. Apesar da grande associação desses casos com causas infecciosas, deve-se ter em mente que existem possibilidades diagnósticas decorrentes de etiologias não infecciosas e não sexualmente transmissíveis.

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

ANA PAULA FARAGO DE ALVARENGA, KELVIN WARLEY PEREIRA SILVA, WALQUIRIA QUIDA SALLES PEREIRA PRIMO, MARINA SOUZA ROCHA, ANA CAROLINA FERREIRA DE SOUSA SEGUTI, LARA KHALED PORTO