Dados do Trabalho
TÍTULO
Gemelidade imperfeita complicada por malformação Arnold-Chiari: um relato de caso
CONTEXTO
A gestação gemelar cursa com risco aumentado de complicações maternas e fetais. Dentre as possíveis complicações das gestações gemelares monocoriônicas, a gemelidade imperfeita é considerada rara, ocorrendo em 1:50000 a 100000 nascidos vivos e 1% das gemelaridades monozigóticas. Sua etiologia permanece desconhecida, porém alguns autores acreditam que diversos fatores, entre o 13º e o 15º dia após a fecundação, induziriam a uma divisão anormal do disco embrionário, podendo levar a múltiplas formas de fusão e compartilhamento de órgãos internos. Este trabalho busca relatar uma forma rara de gemelidade imperfeita, demonstrando os métodos de imagem utilizados para o diagnóstico e acompanhamento do caso.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente de 22 anos, GII PIn A0, encaminhada ao serviço de Medicina Fetal por gestação gemelar monocoriônica monoamniótica, teve sua primeira avaliação realizada na 20º semana de gestação, na qual foi detectada, à ecografia bidimensional e reconstrução tridimensional, presença de dois fetos simétricos acolados por região sacral, diagnóstico compatível com gemelidade imperfeita do tipo pygopagus. Os fetos apresentavam também hidrocefalia grave, cerebelos em forma de banana e pés tortos, por provável tração distal das colunas lombossacras malformadas e fundidas, achados sugestivos de Arnold-Chiari. Observou-se, também, apenas um rim em cada feto. Realizado estudo complementar com ressonância magnética fetal que confirmou os achados descritos anteriormente. Diante do provável desfecho letal para os fetos, da morbidade materna associada e do desejo da paciente, foi autorizado interrupção da gestação no curso da 24º semana de gestação. Realizada cesariana pela presença de diâmetros biparietais fetais incompatível com via vaginal. O procedimento cirúrgico não teve intercorrencias e a paciente evoluiu com puerpério fisiológico.
COMENTÁRIOS
Em casos de gestações com gemelidade imperfeita, o diagnóstico precoce é imprescindível para o planejamento adequado do parto parto, dos cuidados pós-natais e do bem-estar materno. A ultrassonografia possui papel importantíssimo no diagnóstico por ser o método primário de imagem para avaliação da gestação, em virtude do seu baixo custo, grandes disponibilidade, segurança e acurácia, em qualquer período da gestação. A ressonância magnética fetal tem papel complementar, fornecendo detalhes anatômicos preciosos acerca dos órgãos unidos e das malformações associadas, além da situação dos fetos em relação à cavidade uterina.
Área
OBSTETRÍCIA - Medicina fetal
Autores
Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro, Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Fernando Maia Peixoto Filho