Dados do Trabalho

TÍTULO

Colite Pseudomembranosa e Gestação: Relato de Caso

CONTEXTO

A Colite Pseudomembranosa é uma doença causada pela bactéria Clostridioides difficile, geralmente resultante de terapia antibiótica prolongada. Os sintomas característicos são dor abdominal, febre e diarreia volumosa. Devido ao aumento progressivo do uso de antibióticos, a incidência dessa doença preocupa e requer muita atenção quanto à gravidade do quadro, principalmente em situações de risco, como na gestação. Esse trabalho objetiva apresentar o relato de uma gestante diagnosticada com colite pseudomembranosa, tratada com terapia antimicrobiana que resultou em um bom desfecho materno e fetal.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente do sexo feminino, 20 anos, primigesta, com 28 semanas e 2 dias de gestação, com internação prévia por pielonefrite na 26ª semana de gestação, sem outras comorbidades, apresentou quadro agudo de náusea, febre, cefaleia e colúria. Foi submetida à internação hospitalar, onde iniciou-se antibioticoterapia com meropenem e posterior descalonamento para ceftriaxona após resultado de antibiograma. Houve melhora dos sintomas urinários e constitucionais, com programação de alta após finalização da terapia. Doze dias após início da antiboticoterapia, com 30 semanas de gestação, a paciente evoluiu com um quadro de diarreia aquosa volumosa, cólicas abdominais intensas e episódios subfebris, associados a leucocitose e proteína C reativa ascendentes nos exames laboratoriais. Foi detectado Clostridioides difficile na pesquisa do material fecal e iniciou-se tratamento para colite pseudomembranosa com vancomicina oral durante 10 dias. Paciente evoluiu com boa resposta terapêutica e melhora clínica e laboratorial. Recebeu alta com profilaxia para infecção urinária e, 64 dias depois, com 40 semanas e 1 dia de gestação, foi submetida a cesariana com nascimento de recém-nascido vivo, sem nenhuma intercorrência.

COMENTÁRIOS

A utilização de terapia antibiótica prolongada pode acarretar desequilíbrios na microbiota intestinal e favorecer infecções bacterianas, sendo o Clostridioides difficile a principal etiologia de colite pseudomembranosa nesses casos. O diagnóstico e o tratamento precoces, principalmente em gestantes, são essenciais para evitar agravamento do quadro e proteger o desenvolvimento fetal, já que cenários mais graves podem evoluir com desidratação, malformações fetais, oligodrâmnio e trabalho de parto prematuro. O tratamento de primeira linha é feito com vancomicina via oral por 10 dias. Em casos refratários ou gestantes, o metronidazol pode ser indicado, apesar de menos eficaz.