60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Relato de série de casos de mulheres com queixa de perda de libido no ambulatório de Cirurgia Bariátrica do Hospital das Clínicas da UNICAMP de agosto de 2021 a agosto de 2022.

CONTEXTO

No Brasil, a prevalência da obesidade é geralmente maior em mulheres, comprometendo o estado psicológico, a qualidade de vida e sexual. Além disso, está associada a ansiedade, depressão e distúrbios da imagem corporal. A cirurgia bariátrica não só resulta em benefícios médicos e de qualidade de vida, como também proporciona a uma melhora significativa na função sexual. O objetivo do estudo foi de analisar as causas orgânicas e psicológicas de disfunção sexual feminina e sua associação com violência de gênero antes e após a cirurgia bariátrica. Aprovado pelo Comitê de Ética da UNICAMP em 21/10/2019, CAAE: 20103419.9.0000.5404.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Foram avaliadas 14 mulheres por diminuição da libido tinham idade entre 32 e 55 anos (média 38,8 anos), 11 (78,5%) eram brancas e 3 (21,5%), pardas; 2 (14%) tinham nível superior; 6 (43%), ensino médio; 5 (36%) ensino fundamental II e 1 (7%), ensino fundamental I; IMC entre 20,4 e 39,7 Kg/m². A média de IMC foi semelhante no grupo sem cirurgia e no grupo pós- cirurgia bariátrica: IMC de 32,52 e 32,48 kg/m² respectivamente. Doze (86%) não relatavam satisfação com o próprio corpo, 11 (78,5%) apresentavam uma qualidade de vida sexual ruim e 3 (21,5%), regular. Onze delas (79%) referiram dificuldade de lubrificação e dispareunia, enquanto 10 (71%) relatavam dificuldade na excitação sexual e 7 (50%) dificuldade em sentir prazer durante a atividade sexual. Três (21%) não utilizavam método anticoncepcional, 1 (7%) coito interrompido, 3 (21%) anticoncepcional oral, 1 (7%) injetável trimestral, 1 (7%) DIU hormonal, 4 (29%) laqueadura e 1 (7%) vasectomia. Cinco delas (36%) se encontravam em estado de menopausa sem uso de terapia de reposição hormonal. Duas delas (14%) utilizavam medicamentos antidepressivos e 4 (29%) eram etilistas. Sete delas sofrem ou sofreram mais de um tipo de violência: (50%) bullying, 5 (36%) agressão verbal, 6 (43%) agressão física, 11 (79%) abuso psicológico, 5 (36%) negligência ou abandono na infância ou pelo companheiro e, 6 (43%) foram vítimas de violência sexual em algum período de suas vidas.

COMENTÁRIOS

A obesidade e o histórico de abuso ou violências parecem estar relacionados com a disfunção sexual e redução da qualidade de vida sexual feminina. Portanto, é de suma importância o seguimento multidisciplinar integrado no cuidado de mulheres obesas com disfunção sexual.

Área

GINECOLOGIA - Sexualidade

Autores

Fernanda Fernandes, Ana Maria Neder, Felipe David Mendonça Chaim, Elaine Cristina Cândido, Elinton Adami Chaim, Everton Cazzo, Murillo Pimentel Utrini, Natália Luciane Amorin