Dados do Trabalho

TÍTULO

GESTAÇÃO GEMELAR APÓS 60 DIAS DA EXÉRESE DA ZONA DE TRANSFORMAÇÃO (EZT): RELATO DE CASO

CONTEXTO

Os procedimentos excisionais são os métodos de eleição para diagnóstico e tratamento das lesões precursoras do câncer cervical. Na exérese da zona de transformação (EZT), há a remoção de estroma cervical, podendo causar a perda da força de tensão e a diminuição do comprimento cervical. Essas alterações aumentam o risco de abortamento por incompetência istmo-cervical. Além disso, o procedimento promove a alteração do muco cervical ao remover suas glândulas, facilitando a migração ascendente da flora cervicovaginal para as membranas fetais o que pode causar trabalho de parto prematuro. Portanto, pacientes que realizaram EZT possuem maior risco de incompetência istmo-cervical e parto prematuro, especialmente nas gestações gemelares ou nas que ocorrem nos primeiros 6 meses após o procedimento.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

TDM, 38 anos, branca, casada, G1P1, parceiro único, não fumante. Foi encaminhada para colposcopia em novembro de 2019 por apresentar citologia compatível com atipias de células escamosas não podendo afastar lesão de alto grau (ASCH) com junção escamocolunar representada e captura híbrida positiva para o papilomavírus humano tipo 31. À colposcopia foi visualizada uma zona de transformação tipo 1, com epitélio acetobranco denso em lábio anterior, localizado das 11h às 2h, iodo negativo. O anatomopatológico da biópsia evidenciou neoplasia intraepitelial cervical grau 2 (NIC 2). Em janeiro de 2020, foi submetida à EZT e o exame histopatológico demonstrou ectocérvice (1,7 cm x 1,5 cm) e endocérvice (1,2 cm) com resultado de NIC 2 com margens cirúrgicas livres. A paciente foi orientada a controle de citologia e colposcopia semestral e a não gestar nos próximos 6 meses. Não obstante, apresentou gestação gemelar 60 dias após o procedimento. Na avaliação ecográfica do segundo trimestre, o comprimento cervical foi de 32 mm, classificado como normal. A gravidez cursou sem intercorrências e o parto gemelar por via cesárea ocorreu com 34 semanas e 6 dias. Em fevereiro de 2021, realizou o primeiro controle, a colpocitologia oncótica foi normal e a captura híbrida negativa.

COMENTÁRIOS

Apesar da paciente ter engravidado antes do período orientado, apresentou um desfecho obstétrico favorável e sem intercorrências. O tempo ideal para uma concepção após EZT é incerto. Estudos demonstram que uma gestação em menos de 3 - 12 meses do procedimento aumentam o risco de perdas gestacionais e de trabalho de parto prematuro.