60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Perfil Epidemiológico das Vítimas de Violência Doméstica no Brasil durante a Pandemia da COVID-19

OBJETIVO

Caracterizar o perfil epidemiológico de mulheres vítimas de violência doméstica no
Brasil durante os anos de 2020 e 2021.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo do tipo transversal, descritivo e retrospectivo, mediante
análise quantitativa de dados secundários do banco de dados do Sistema de Informação de
Agravos e Notificação (SINAN) do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único
de Saúde). Os dados são referentes aos casos de notificação de vítimas do gênero feminino nos
anos de 2020 e 2021, notificados no Brasil, excluindo os casos de lesão autoprovocada ou a
própria vítima como autora da violência para evitar viés de seleção. As variáveis utilizadas
foram número de notificações, ano da notificação, região, faixa etária, cor/raça, escolaridade,
local de ocorrência da violência doméstica e se violência de repetição. Este trabalho foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (CAAE:
95289718.4.0000.5546).

RESULTADOS

Durante o período do estudo, houve registo de 233.280 notificações de violência
doméstica contra mulheres no Brasil, sendo 61,03% ocorridas em 2020 e 38,97% em 2021. A
região com maior número de registros foi o Sudeste com 47,97% das notificações, seguido
pelo Sul com 19,98% e pelo Nordeste com 16,09%. Com relação à vítima, a maioria dessas
mulheres tinham entre 20 e 39 anos (42,29%), eram negras (pardas e pretas; 53,80%),
principalmente pardas (44,01%), com ensino fundamental incompleto (22,82%). Verificou-se
uma taxa de ignorados de 27,36% para a variável escolaridade. A violência ocorreu,
principalmente, nas residências (71,24%), seguidas pela via pública (11,64%). Dentre estes
registros, 45,73% correspondem à violência de repetição.

CONCLUSÕES

A violência doméstica contra mulheres no Brasil, durante os dois primeiros anos da
pandemia, ocorreu com maior frequência no ano de 2020. Entre os registros, as mulheres que
mais sofreram foram as negras, adultas jovens, com baixa escolaridade, com a violência
ocorrendo, principalmente, na própria residência.

Área

GINECOLOGIA - Epidemiologia

Autores

Lúria Cardoso Bezerra, Vitória Teles Apolonio Santos, Vinicius da Silva Martins, Luiz Ricardo Gois Fontes, Anne Caroline Costa de Andrade Oliveira, João Eduardo Andrade Tavares de Aguiar, Thais Serafim Leite de Barros Silva, Júlia Maria Gonçalves Dias