Dados do Trabalho
TÍTULO
Aspectos Socioeconômicos em pacientes vítimas de violência obstétrica em Sergipe
OBJETIVO
Caracterizar o perfil socioeconômico da paciente vítima de violência obstétrica em Sergipe.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo observacional com mulheres que tiveram partos em maternidades públicas e privadas de Sergipe. Foram incluídas puérperas maiores de 18 anos, que tiveram seus partos realizados por membros da equipe de plantão das unidades e que aceitaram participar da pesquisa durante consulta de puericultura, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Por meio de questionário aplicado por colaboradores, as participantes responderam perguntas referentes a condições socioeconômicas, local e tipo de parto, além de descrição dos procedimentos ao qual foi submetida durante o trabalho de parto, a fim de avaliar a ocorrência de violência obstétrica. Foi feita uma análise comparativa entre as participantes que relataram qualquer tipo de violência obstétrica e as que não informaram, com intervalo de confiança de 95%. Foi realizado o teste qui-quadrado e, para as variáveis que não preencheram critério, utilizou-se do teste exato de Fisher. Além disso, foi calculada a razão de prevalência (RP). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe, com número do CAAE 47060621.8.0000.5546.
RESULTADOS
Das 337 participantes, 287 (85,2%) relataram episódios de violência obstétrica durante o parto. Houve associação estatística significativa em relação à procedência da gestante, com 91% das gestantes do interior do estado relatando episódios de violência obstétrica, em comparação a 81,3% das procedentes da capital (RP 1,1; p=0,021). Considerando a escolaridade, 96,7% das entrevistadas que possuíam ensino médio incompleto relataram terem sido vítimas de violência, enquanto em parturientes com ensino médio completo esse valor foi de 82,6% (RP 1,1; p=0,009). Em mulheres com renda de até 4 salários-mínimos, 91,7% descreveram episódios de violência obstétrica, em comparação a 68,4% das que possuíam renda acima de 4 salários-mínimos (RP 1,3; p<0,001). Em relação à instituição em que o parto foi realizado, 95,5% das gestantes atendidas em maternidades públicas foram vítimas de violência obstétrica, enquanto 73,4% das atendidas em maternidades particulares relataram abusos sofridos (RP 1,3; p<0,001).
CONCLUSÕES
Notou-se uma alta prevalência e uma correlação direta entre o nível socioeconômico da gestante e a prática de violência obstétrica em maternidades do estado.
Área
OBSTETRÍCIA - Assistência ao trabalho de parto e suas fases clínicas
Autores
Maria Luíza Souza Rates, Yasmin Juliany de Souza Figueiredo, Renata Vieira Oliveira, Paulo Henrique Freire Ribeiro de Santana, Rayssa da Nóbrega Didou, Luiz Ricardo Gois Fontes, Thais Serafim Leite de Barros Silva, Júlia Maria Gonçalves Dias