60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Displasia em colo uterino e câncer epidermóide de vagina em paciente imunossuprimida: Relato de caso

CONTEXTO

O câncer relacionado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) é a 4ª causa mais frequente de morte por câncer em mulheres. As alterações citológicas causadas por sua infecção levam a destruição do mecanismo de proteção vaginal, predispondo surgimento de neoplasias do trato genital feminino. Pessoas transplantadas apresentam maior risco de infecção pelo vírus e, consequentemente, maior propensão ao câncer do trato vaginal. Relato de caso aprovado pelo CEP através do CAAE: 47208921.6.0000.5300.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente feminina, 38 anos, após 3 anos de transplante renal em uso de micofenolato de mofetila, apresentou lesões condilomatosas em paredes vaginais. Na ocasião, a colpocitologia oncótica demonstrou células Atípicas de Significado Indeterminado (ASC-US), evoluindo para Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (L-SIL) no seguimento de 6 meses quando então o tratamento foi substituído por sirolimo e imiquimode. A colposcopia evidenciou, além de zona de transformação atípica em colo uterino, uma pequena área de atipia em parede vaginal em que foi realizada biópsia com pinça Professor Medina com histopatológico de Carcinoma Epidermoide bem Diferenciado Microinvasivo de vagina sem acometimento vascular ou linfático. Optado por conização através de cirurgia de alta frequência (CAF), cujo histopatológico foi de NIC III com margens cirúrgicas livres. A exérese da lesão vaginal foi realizada através da biópsia dirigida, por tratar-se de uma área microscópica contemplou a totalidade da lesão. No tratamento das lesões condilomatosas foram utilizadas 20 aplicações de ácido tricloroacético a 90%. Durante o controle citológico e colposcópico de 1 ano, nova biópsia no colo foi realizada e constatado tratar-se de lesão condilomatosa. Foi orientado o acompanhamento através de citologia de colo e colposcopia de colo e vagina, não apresentando recidiva para lesão intraepitelial ou malignidade.

COMENTÁRIOS

Lesões pelo HPV apresentam maior complexidade em pacientes imunossuprimidos tendo em vista o número de recidivas e a associação com a imunocompetência. Assim, é demonstrado a importância do ajuste da terapia imunossupressora de modo individualizado, sendo fundamental que o profissional da saúde esteja apto a orientar, prevenir e diagnosticar as lesões pré-cancerígenas relacionadas ao HPV. Em grupos de risco a observação deve ser ampla, incluindo as paredes vaginais sob visão colposcópica, para que não ocorram atrasos no diagnóstico e tratamento específico, evitando a evolução para malignidade.

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

Leanara Amaro Rocha, Lys Vitória Ribeiro Almeida, Renato Jesus de Oliveira, Ivanice Fernandes Barcellos Gemelli, Ricardo Chagas Sousa