Dados do Trabalho
TÍTULO
A cirurgia robótica no tratamento da endometriose profunda é mais vantajosa do que a laparoscopia?
OBJETIVO
Realizar uma análise comparativa entre as técnicas cirúrgicas videolaparoscópica e robótica no tratamento da endometriose profunda e seus desfechos clínicos.
MÉTODOS
Estudo retrospectivo incluindo pacientes portadoras de endometriose profunda com indicação de intervenção cirúrgica, realizado através da coleta de dados de prontuário em um hospital particular de Vitória, ES. Estes foram alocados em uma planilha de acesso somente aos colaboradores e agrupados de acordo com os desfechos analisados entre os grupos. O período da avaliação foi de abril de 2009 a julho de 2022.
RESULTADOS
Foram incluídas 133 pacientes com diagnóstico de endometriose profunda, sendo 110 delas submetidas à videolaparoscopia convencional (VC) e 23 à cirurgia robótica. Os desfechos explorados foram tempo de cirurgia, de internação, índices de ressecção segmentar, complicações intra e pós-operatórias e taxa de conversão para laparotomia. Verificou-se que o tempo de cirurgia foi maior na cirurgia robótica (4h30min contra 3h54min na VC). O tempo de internação foi maior na VC (4.1 dias contra 3.0 na robótica). Proporcionalmente, foram realizadas mais ressecções segmentares na VC, enquanto que na cirurgia robótica prevaleceu o "shaving''. Quanto às complicações, foram 13% na cirurgia robótica (2 sangramentos de anastomose, 1 estenose de anastomose) e 7,27% na VC (1 obstrução intestinal, 1 hematoma infectado, 1 lesão vascular, 1 estenose da ileostomia, 1 sangramento de anastomose, 1 fístula reto-vaginal, 1 sepse de foco urinário e 1 infecção de parede). Não houve conversão para laparotomia em nenhum dos dois grupos.
CONCLUSÕES
É possível predizer que não foram encontradas distinções significativas nos desfechos pós-cirúrgicos nas duas abordagens, possivelmente devido ao viés de amostragem na comparação entre ambas. No que concerne ao tempo de cirurgia, é necessário frisar que houve gradativa
redução no tempo total de cirurgia robótica, sendo uma provável caracterização de ganho na curva de aprendizagem do cirurgião. Quanto às complicações, apesar de estatisticamente mais prevalentes na cirurgia robótica, foram caracteristicamente de menor gravidade do que as
apresentadas na VC. A avaliação torna-se difícil levando em consideração a individualização de cada caso de endometriose e nível de acometimento da doença, com demandas cirúrgicas distintas. São necessários amplos ensaios clínicos randomizados envolvendo a cirurgia robótica no tratamento da endometriose profunda e seus desfechos, para melhor entendimento do seu papel.
Área
GINECOLOGIA - Endometriose
Autores
Izabella Cardoso Lara, Julia Taise Bertoncin, Livia Selvatici Trazzi, Hugo Espiridon Souza, Gabriel Smith Sobral Vieira, Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior, Isaac Walker De Abreu