60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

EFEITO DO TREINAMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO E ELETROESTIMULAÇÃO NA INCONTINÊNCIA ANAL: ESTUDO DE CASO

CONTEXTO

O trauma obstétrico é a causa mais comum da Incontinência Anal (IA). Quando se tem o diagnóstico de laceração de terceiro ou quarto graus até 2 meses após o parto, a incidência de qualquer grau de defeito esfincteriano em primíparas pode chegar a ser entre 27 e 35%. Este estudo de caso foi desenvolvido no setor de Fisioterapia do grupo especializado em disfunções do assoalho pélvico na gestação, parto e pós-parto (GPAP) (CAAE 44331721.8.0000.5505).

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente DSS, 25 anos,G1PN1, laceração de quarto grau, peso do RN 3610 gramas. No puerpério tardio (30º dia pós parto) fez a correção cirúrgica de uma fístula retovaginal. Chegou ao setor 30 meses após o parto com queixa de perda de fezes e flatos. Na avaliação inicial, foi aplicado o questionário de qualidade de vida na incontinência fecal (FIQL), cujo escore foi de 64 [1-119]; questionário de função sexual (FSFI), com escore de 25.7 [1.8-36]. E para avaliação da função dos músculos do assoalho pélvico (MAP) foi utilizado o esquema Perfect: power 2 [0-5], endurance 3 [0-10], repetition 0 [0-10], fast 7 [0-10], elevation e co-contraction presentes e timing ausente; e dinamometria: 0.70 kgF. O tratamento proposto foi a melhora da sensibilidade e da força muscular através de eletroestimulação intracavitária anal, treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) para melhora da força, resistência e relaxamento da musculatura. Após o tratamento, observou-se melhora significativa dos sintomas e da qualidade de vida, através FIQL cujo escore foi de 102; e do FSFI com escore de 30. A avaliação da função dos MAP através do esquema Perfect, também apresentou melhora,: power 3 [0-5], endurance 7 [0-10], repetition 3 [0-10], fast 10 [0-10], elevation e co-contraction presentes, e timing ausente; e na dinamometria: 0.80 kgF. No follow up de 3 meses, a paciente referiu não perder fezes há 5 meses e manteve os ganhos de qualidade de vida e função dos MAP.

COMENTÁRIOS

Alguns estudos mostram a ocorrência entre 5 e 26% de IA durante o primeiro ano após o parto vaginal. O tratamento conservador da incontinência fecal é recomendado na ausência da ruptura traumática aguda do esfíncter ou na ausência de um grande defeito do esfíncter externo. Os tratamentos mais recomendados para a IA são o uso de biofeedback, eletroestimulação e o treinamento da musculatura do assoalho pélvico. Mas ainda são necessários mais estudos que avaliem o efeito do tratamento conservador em pacientes com IA após laceração perineal. Agradecimento ao GPAP Study Group.

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Amanda Cruz Amorim, Letícia Azevedo Ferreira, Mayanni Magda Matias, Talita Vasco Lima, Márcia Maria Gimenez, Letícia Maria Oliveira, Sérgio Brasileiro Martins, Marair Ferreira Sartori