60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

LINFOMA NÃO HODGKIN EM GESTANTE ATENDIDA EM UM HOSPITAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL: RELATO DE CASO

CONTEXTO

Os Linfomas Não Hodgkin (LNH) constituem um grupo heterogêneo de neoplasias linfóides e apresentam diferenças em sua apresentação clínica, prognóstico e resposta aos tratamentos. É o quarto câncer mais comum na gestação e pode acarretar em diversas repercussões maternas e fetais. Sendo assim, este relato de caso tem como objetivo demonstrar as repercussões maternas e fetais do LNH. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 47208921.6.0000.5300).

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Mulher, 21 anos, IG de 27 semanas e queixa de tosse seca há 3 meses, com piora progressiva, associada à dispneia. Exames de imagem revelaram uma grande massa mediastinal com origem em mediastino anterior, medindo 18,1cm em seu maior eixo (transverso), comprimindo estruturas adjacentes, sugestivo de processo neoplásico. Realizada a biópsia e constado no anatomopatológico, neoplasia de células pequenas e intermediárias de aspecto monótono, infiltrando o parênquima pulmonar e bronquíolo e a análise imuno-histoquímica evidenciou Linfoma não Hodgkin de células B primário de mediastino, CD20+, CD30-. O USG obstétrico de 31 semanas e 6 dias, mostrou sinais de restrição de crescimento fetal (peso de 1.187g, abaixo do percentil três), oligoâmnio, com índice de líquido amniótico de 53mm, e artérias umbilicais com ondas de padrão alterado com aumento da resistência vascular (índice de pulsatilidade = 1,1). Assim, foi indicada interrupção da gestação por via alta. Na segunda semana de puerpério, paciente foi submetida ao tratamento quimioterápico, utilizando-se o protocolo EPOCH. Após segunda sessão de quimioterapia, paciente compareceu ao Pronto Socorro, apresentando quadro de insuficiência respiratória, neutropenia grave e síndrome febril, evoluindo a óbito após 24 horas.

COMENTÁRIOS

A paciente apresentava linfoma primário de grandes células B do mediastino (PMBCL), tumor incomum e rapidamente progressivo, que costuma apresentar-se como massa volumosa no mediastino anterior. Dentre os desfechos possíveis na gestação, desde o período pré-parto até o pós-parto, encontram-se: a ameaça de abortamento, pré-eclâmpsia, trabalho de parto prematuro, indicação de parto cesáreo, crescimento intrauterino restrito (CIUR), hemorragia puerperal e maior risco de mortalidade materna e fetal. O obstetra deve estar atento aos sintomas respiratórios no período da gestação, tendo em vista a rápida repercussão ao binômio materno fetal de doenças potencialmente graves, que acometem o sistema respiratório.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Barbara Oliveira Fuzari, Ivanir Karina Nóia, Aline Pacheco Nonato Arraes, Túlio Cezar Pereira Teodoro, Ivanice Fernandes Barcellos Gemelli