60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE CURITIBA ANTES E DURANTE A PANDEMIA DO SARS-COV2

OBJETIVO

Admite-se que o Papilomavirus humano é o principal responsável pelo câncer de colo uterino. Por ter evolução arrastada, o rastreamento para a neoplasia deve ser realizado periodicamente, conforme OMS, pelas pacientes sexualmente ativas. Durante a pandemia do SARS-CoV-2, as pacientes das Unidades Básicas de Saúde de Curitiba-PR foram instruídas a postergar seus atendimentos médicos. O estudo em questão visa analisar o impacto da pandemia sobre a realização do exame Papanicolau e suas possíveis consequências para o número e evolução dos casos de câncer cervical. Bem como reafirmar a importância do citopatológico para um diagnóstico precoce e, consequentemente, melhor prognóstico.

MÉTODOS

O estudo (CAAE 44415721.6.0000.0020) foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (número do parecer 4.720.294). O desenho da pesquisa é observacional retrospectivo, dados referentes aos pacientes da rede pública de saúde de Curitiba foram obtidos via plataforma TABNET (DATASUS). Incluiu-se na amostra quantidade e resultados de exames citopatológicos de colo de útero, realizados em mulheres entre 25 e 69 anos de idade. Para a comparação dos períodos pré e durante pandemia, considerou-se os anos de 2014-2019 e 2020-2021, respectivamente. Coletou-se dados acerca da idade, data de coleta, resultado do exame, incidência de câncer de colo uterino e mortalidade pela doença. Os resultados foram descritos por frequências absolutas e percentuais.

RESULTADOS

Em média, durante o período pré-pandemia, foram realizados 78.420 exames citopatológicos por ano e, destes, 1.848/ano haviam resultados positivos (2,36%). Enquanto que, na pandemia, 42.358 exames foram feitos por ano e, destes, 1.556/ano haviam resultados positivos (3,67%) – porém, tal achado não reflete a realidade, considerando que quem realizou o exame provavelmente já estava sintomática. Tais dados representam uma queda de 46% na realização do rastreio em 2020-2021. Estatisticamente, a média total de resultados positivos por ano na pandemia deveria ser de 2.407 e, portanto, 35,34% são positivos não detectados.

CONCLUSÕES

Houve uma redução no número de testes de Papanicolaou durante a pandemia, o que prejudicou o rastreamento de câncer cervical. Recomenda-se fortemente a busca ativa e o acréscimo desses aproximadamente 46% exames citológicos não realizados durante os primeiros três anos pós-pandemia, intervalo de rastreamento da patologia, para que a população ideal seja estudada e para as correções apropriadas no rastreamento desta neoplasia.

Área

GINECOLOGIA - Atenção primária

Autores

Walter Souza Carreira, Ana Luísa Caetano Lopes Martins, Camila Reda Lauand, Gustavo Benevenuto Kuzma, Lara Licks Lopes de Almeida, Luisa Ponciano Mariano, Nicolle Lyra de Morais, Jan Pawel Andrade Pachnicki