60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Neovaginoplastia com Pele Liofilizada de Tilápia do Nilo após Vaginoplastia Autóloga para rara Síndrome de Rokitansky: um relato de caso

CONTEXTO

Síndrome de Rokistansky é uma má formação mülleriana rara (1 a cada 5000 mulheres). A causa é desconhecida, mas pode se associar a alguns genes. As pacientes apresentam amenorreia primária, ausência de 2/3 superiores da vagina e útero rudimentar ou ausente, podendo ter anomalias do trato urinário. Características sexuais secundárias, ovários e cariótipo são normais. O tratamento da agenesia vaginal pode ser com o uso de moldes dilatadores ou com neovaginoplastia. Aprovado no Comitê de Ética, sob o parecer 5341775 e CAAE: 74027917.3.0000.5050

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente de 30 anos, telarca aos 13 anos e pubarca aos 14, sem menarca. Apresentou RNM de abdome e pelve de 2018 que evidenciou rim esquerdo pélvico, rim direito não visualizado, ausência de útero e vagina, e ovários com 5cm 3 e 5,4cm3 e, no exame físico, possuía canal vaginal de 2 a 3cm, gerando suspeita para Síndrome de Rokitansky. Submeteu-se a uma vaginoplastia com pele autóloga da coxa em 2020, evoluindo com estenose de canal vaginal e consequente penetração insatisfatória. Após 6 meses do procedimento, foi-lhe recomendado realizar neovaginoplastia com Pele Liofilizada de Tilápia do Nilo (PLTN). Exame físico pré-operatório mostrou cicatriz bilateral na região inguinal de onde foi tirada a pele da vaginoplastia realizada inicialmente. Submeteu-se à neovaginoplastia com PLTN em maio de 2022, resultando na criação de um canal vaginal pérvio de aproximadamente 10cm com aposição e fixação de um molde de acrílico envolvido por PLTN. Não houve intercorrências, e a paciente evoluiu clínica e hemodinamicamente estável, apenas com drenagem de líquido serohemático após o 2º dia de pós-operatório, mas sem dores, edemas ou secreções purulentas, e sem alterações em vulva e clitóris. Paciente seguiu com uso diário de molde de silicone e, após 3 meses da cirurgia, apresenta-se com canal vaginal pérvio de 9cm. Ainda não teve relações sexuais.

COMENTÁRIOS

A neovaginoplastia com pele de tilápia tem se mostrado uma boa opção cirúrgica para mulheres com agenesia vaginal, visto que há muita disponibilidade de material e a baixo preço, boa diferenciação tecidual do tecido implantado e permite lubrificação e sensibilidade adequadas. Ademais, há menor tempo de operação e internação por não precisar retirar tecido de outros órgãos. Essa técnica se mostra
uma boa alternativa na oferta de qualidade de vida às pacientes, porém, por ser um método recente, carece de mais pesquisas para que possa se configurar como alternativa terapêutica da agenesia vaginal.

Área

GINECOLOGIA - Cirurgia Ginecológica

Autores

Stephany Ellen de Castro, Samuel Soares Coutinho, Mariana Oliveira Veloso, Liz Rodrigues Picanço, Erika dos Santos Dantas, Leonardo Robson Pinheiro Sobreira Bezerra