60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

ATITUDE DE PACIENTES TRANSGÊNEROS E NÃO-BINÁRIOS EM RELAÇÃO AO RASTREAMENTO DO CÂNCER ANOGENITAL

OBJETIVO

Compreender as atitudes, experiências e preferências para o rastreamento do câncer de colo uterino e do câncer anogenital em usuários transgêneros e não-binários.

MÉTODOS

O recrutamento foi realizado por meio de contato telefônico ou em consultas de rotina clínica em um ambulatório especializado no atendimento de pessoas transgênero no Espírito Santo. Os usuários que aceitaram participar foram submetidos a entrevista, além de coleta de material do colo uterino para análise citopatológica em caso de transmasculinos e amostra anal para análise citopatológica em caso de transfemininos e transmasculinos. Os resultados quantitativos foram analisados ​​por meio de estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer com o número de CAE 3.442.602/2019.

RESULTADOS

Entre os 572 usuários transgêneros atendidos, 110 (19,23%) aceitaram participar do estudo. Destes, 67 (60,90%) se identificaram como transmasculinos, 5 (4,54%) como não-binários, e os demais participantes (34,54%) relataram ser transfemininos. Quarenta e um participantes (37,27%) eram elegíveis para a triagem cervical e 48 (43,63%) para a coleta de amostra anal. Dentre os 110 entrevistados, 82 (74,54%) entenderam a importância do rastreamento do câncer anogenital após orientações recebidas durante a entrevista e nas consultas clínicas, mas somente 68,18% (n = 75/110) aceitou realizar a coleta da amostra. Apenas 21,81% (n = 24/110) já havia realizado algum exame de prevenção anogenital anteriormente. 23,63% (n = 26/110) dos participantes relataram experiência prévia de preconceito evidente durante atendimento em serviços de saúde. A análise temática identificou uma série de barreiras adicionais para a prevenção.

CONCLUSÕES

Este estudo identificou vários entraves e alto índice de desinformação quanto à prevenção do câncer anogenital, além de inúmeras áreas potenciais de mudança capazes de promover melhorias no processo de captação do rastreamento cervical, da relação médico-paciente e da experiência do paciente. A maior delas foi a falta de acesso dessa população específica aos serviços de saúde, bem como o estigma encontrado tanto por parte do paciente (disforia de gênero na maior parte dos casos), como dos profissionais da saúde (despreparo técnico e preconceito) pelos quais foram atendidos.

Área

GINECOLOGIA - Multidisciplinar

Autores

Lucas Delboni Soares, Jacob Henrique da Silva Klippel, Fenísia Gabrielle Carvalho Saldanha, Franco Luis Salume Costa, Neide Aparecida Tosato Boldrini