60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: ABDOME AGUDO POR PANCREATITE EM OBSTETRÍCIA

CONTEXTO

Relato de caso a seguir, devidamente aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa, através do CAAE: 47208921.6.0000.5300.
O abdome agudo na gravidez é uma entidade rara e de difícil diagnóstico, cuja incidência varia em torno de 1 a cada 500 a 635 gestantes. E a pancreatite é a inflamação aguda do pâncreas, que se deve à ativação do tripsinogênio pancreático seguido de autodigestão caracterizada pela rotura da membrana celular e proteólise, edema, hemorragia e necrose. A incidência varia de 1:1.000 a 1:11.500 gestações, sendo mais frequente no terceiro trimestre da gestação e no puerpério. Geralmente, é decorrente de colelitíase ou de abuso de álcool e, na gravidez, quase sempre tem como fator predisponente a litíase biliar.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente feminina, 37 anos, idade gestacional de 33 semanas, G2PC1A0. Encaminhada à emergência obstétrica com dor em região epigástrica, de forte intensidade, que irradiava para o dorso, em faixa, que iniciou há 30 dias, de maneira insidiosa, que piorou nas últimas 24 horas, associada a episódios eméticos, fezes de coloração esverdeada e colúria. Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral, gemente, hipocorada 1+/4, abdome doloroso à palpação superficial e profunda principalmente em região epigástrica e hipocôndrio direito, Blumberg não realizado devido intensa dor da paciente, e ao exame obstétrico batimentos cardíacos fetais ausentes. Portava exames realizados externamente com PCR de 24, TGO 44, GAMA GT 83 / FA 150 / AMILASE 1.284 / BT 1,84 / BD 1,27 / BI 0,57 / LIPASE 2.100. Além disso, possuía ultrassonografia de abdome total evidenciando colelitíase e hepato-colédeco com suspeita de coledocolitíase. Após internação paciente evoluiu com insuficiência respiratória, sendo submetida a intubação orotraqueal. Prontamente foi indicado realização de parto por via cirúrgica e extraído feto em óbito. Permaneceu em CTI para manejo de pancreatite aguda. No segundo dia de internação a tomografia do abdome (TC) evidenciou necrose pancreática. Procedida à necrosectomia de cabeça e corpo pancreático. Evoluiu com óbito ao sétimo dia de internação por choque séptico e insuficiência respiratória aguda grave.

COMENTÁRIOS

Por ser rara e de difícil diagnóstico. Tal patologia é plausível de cuidado redobrado, especialmente em gestantes. A relevância da equipe multidisciplinar, se dá em razão da gravidade de tais casos, em que se faz necessária abordagem clínica e cirúrgica imediata. Assim, em abdome agudo, não se pode descartar o diagnóstico de pancreatite.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

JOHN VITOR CORREA FREITAS, JORIDALMA GRAZIELA ROCHA ROSSI E SILVA, CAROLLINE ARAUJO BERTAN, IVANICE FERNANDES BARCELLOS GEMELLI