60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação em paciente com Falência Ovariana Precoce em Terapia de Reposição Hormonal

CONTEXTO

A Falência Ovariana Precoce é caracterizada por falência gonadal antes dos 40 anos de idade. Sua incidência é de 1% para mulheres abaixo de 40 anos, 0,1% para mulheres com menos de 30 anos e 0,01% em pacientes com menos de 20 anos. Mulheres com falência ovariana têm cerca de 5-10% de chance de engravidar sem uso de terapias de reprodução assistida, se apresentarem cariótipo normal (46, XX). A maioria dessas gestações ocorre em pacientes que estão em terapia de reposição hormonal, como é o caso descrito a seguir.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Nuligesta, 17 anos. Menarca aos 13 anos. Apresentou ciclos menstruais regulares até os 15 anos, quando entrou em amenorreia. Comparece à consulta para avaliação. Hígida, sem outras queixas, ausência de alterações ao exame físico. Solicitados exames complementares: ultrassonografia transvaginal com útero de volume 9,05 cm³ e ovários diminuídos. Exames laboratoriais: beta-HCG negativo / hormônio tireoestimulante (TSH): 3,88 / hormônio folículoestimulante (FSH): 83,96 / Prolactina: 11,55 / Hormônio
antimulleriano: 0,02 / Cariótipo 46XX. Em acompanhamento com endocrinologista, foi iniciada terapia de reposição hormonal (TRH) com valerato de estradiol e levonorgestrel. Manteve boa adesão, evoluindo com ciclos menstruais regulares. Após 02 anos do início do
tratamento, apresentou atraso menstrual, diagnosticada gestação. Comparece em consulta de pré-natal com ultrassonografia evidenciando gestação eutópica simples com idade gestacional de 6 semanas e 5 dias. Suspensa TRH e início de acompanhamento pré-natal, sem intercorrências.

COMENTÁRIOS

A falência ovariana precoce é caracterizada por amenorreia, hipoestrogenismo e elevação dos níveis séricos de FSH antes dos 40 anos. Sua avaliação inclui anamnese e exame físico detalhados, além da solicitação de beta-HCG, FSH, TSH, prolactina e ultrassonografia pélvica. Possíveis causas incluem doenças genéticas, autoimunes, infecciosas ou iatrogênicas, porém em 75-90% dos casos a etiologia não é
identificável. A TRH evita complicações como infertilidade, depressão, ansiedade, comprometimento cognitivo, osteoporose e doenças cardiovasculares, além de reduzir sintomas como fogachos, diminuição da libido e ressecamento vaginal, melhorando a qualidade de vida da paciente. Apesar de incomum, a gestação espontânea pode ocorrer, sendo importante orientar métodos contraceptivos e realizar teste de gravidez em caso de atraso menstrual.

Área

GINECOLOGIA - Endocrinologia Ginecológica

Autores

Mariana Brandão Soares Sousa, Juliana Augusa Dias, Isadora Ramires Bahia, Natália Mourão de Pinho Tavares, Renara de Pinho Caldeira Mourão, Vitória Teixeira Melillo, Karina Akemi Eiri, Ana Laura Peixoto Cavalcanti