60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

ÚLCERA GENITAL: PRIMOMANIFESTAÇÃO HERPÉTICA SOBREPOSTA COM CANDIDÍASE EM DIABÉTICA DESCONTROLADA

CONTEXTO

Infecção concomitante por Herpes Simples (HSV) e candidíase vulvovaginal (CVV) em pacientes não portadoras de vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um fenômeno raro. O HSV é o agente mais comumente encontrado em úlceras genitais, sendo que mais de meio milhão de pessoas entre 15 e 49 anos têm essa infecção genital. Em 25% dos casos, a sintomatologia é mais severa, cursando com dor em queimação, eritema, disúria e secreção vaginal profusa que podem se associar com outras infecções, principalmente na presença de fator de risco como a Diabetes Mellitus (DM).

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Mulher, 36 anos, portadora de DM, parceiro fixo sem uso de método de barreira, busca o pronto-atendimento com dor e edema importantes em vulva de início há 3 dias, associados a lesões dolorosas, disúria e corrimento vaginal claro. Sem melhora com uso de Nistatina pomada. Exame especular: edema importante em vulva, grandes e pequenos lábios, associado a eritema difuso, lesões ulcerativas permeadas por hiperceratose e crosta esbranquiçada aderida, friável, exsudato incolor, sem odor fétido, acometendo até região perianal. Mucosa vaginal e colo uterino sem alterações, secreção cervical fisiológica. Coletado material para estudo anatomopatológico. Sorologias negativas para HIV, sífilis e hepatites. Curva glicêmica capilar entre 139 e 495mg/dL. Iniciado Aciclovir, Dexametasona, Cefazolina, correção de glicemia com insulina e sondagem vesical de demora (SVD) para conforto. Alta hospitalar com Cefalexina, Metronidazol e Lidocaína tópica. Encaminhada à endocrinologia. Retorno após 30 dias, com resultado de anatomopatológico: fragmento de pele ulcerada, com acantólise, apresentando tecido de granulação e infiltrado inflamatório mono e polimorfonuclear; infecção por herpes simples vírus sugestiva. Melhora de dor, edema e eritema, sem lesões ativas, com pele e mucosa sensíveis, em recuperação.

COMENTÁRIOS

O diagnóstico diferencial de úlceras genitais em pacientes sexualmente ativas pode ser difícil. As principais hipóteses são herpes genital, sífilis e cancro mole. No entanto, essas lesões também podem ocorrer por causas não infecciosas, como trauma, câncer e doença de Behçet. Apenas anamnese e exame físico podem ser insuficientes para o diagnóstico, sendo necessário considerar comorbidades e considerar exames complementares, como neste caso de primomanifestação herpética sobreposta com CVV em diabética descontrolada.

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

Vitória Teixeira Melillo, Samara Barroso de Figueiredo, Éllen Patrícia Peixoto, Ana Flávia Coelho Ribeiro, Mariana Brandão Soares Sousa, Isadora Ramires Bahia, Geraldo Magella Flores da Mota, Juliana Augusta Dias