Dados do Trabalho
TÍTULO
Câncer de vulva e lesão intraepitelial escamosa de alto grau vulvar. Relato de caso.
CONTEXTO
O câncer de vulva não é uma doença comum, representa 3% a 5% das neoplasias ginecológicas malignas, é mais frequente em mulheres idosas e de baixa renda. A história natural pode ter origem viral e não viral. Em pacientes mais jovens geralmente é induzido pelo HPV 16, 18, 31 e 33, associado a fatores de risco como outras infecções sexualmente transmissíveis, tabagismo e imunodeficiência. O carcinoma escamoso associado ao HPV tende a ocorrer na pré e peri-menopausa, os quais são precedidos pela neoplasia intraepitelial usual denominada a partir de 2012 de lesão intraepitelial escamosa de alto grau vulvar (LIEAG). O tratamento padrão para câncer de vulva ainda é cirúrgico. Em casos selecionados pode-se indicar a quimiorradioterapia neoadjuvante. E, o tratamento da LIEAG depende da idade e das características das lesões.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente de 37 anos, parda, casada. G2P2. Laqueada. Tabagista. Antecedente patológico: retrovirose por HIV há 22 anos, em tratamento com TARV e carga viral indetectável. A queixa principal era de lesão ulcerada em região vulvar, dolorosa e com secreção fétida há 6 meses. Exame físico geral: sem alterações. Ao exame ginecológico: lesão em introito vaginal posterior, a direita, de 4,5 cm no maior diâmetro, ulcerada, friável e dolorosa ao toque, sem acometimento vaginal. Ausência de linfonodos palpáveis em região inguinal. Colpocitologia e colposcopia: sem alterações. Ressonância magnética da pelve: sem alterações. Realizada biópsia (05/2020): carcinoma espinocelular invasivo moderadamente diferenciado. Por se tratar de paciente jovem com vida sexualmente ativa, optado inicialmente pela realização de quimiorradioterapia neoadjuvante. Submetida a RT + QT com cisplatina (7 ciclos), com término em novembro/2020. Após a neoadjuvância, ao exame ginecológico: lesões hipercrômicas, medindo cerca de 0,5cm, localizadas no grande lábio esquerdo e em região de sulco interglúteo bilateralmente. Submetida a novas biópsias em maio/2021, com resultado de lesão intraepitelial escamosa vulvar de alto grau. Optado pela realização de laserterapia, com regressão total das lesões. No momento sem queixas.
COMENTÁRIOS
O tratamento das lesões vulvares malignas e precursoras permanece um desafio na prática médica. A vulvectomia radical pode ser debilitante, com prejuízo na qualidade de vida, sobretudo em pacientes jovens. A quimiorradioterapia neoadjuvante foi eficiente e a laserterapia mostra-se como uma alternativa interessante para preservar a anatomia vulvar, nos casos de LIEAG.
Área
GINECOLOGIA - Oncologia Ginecológica
Autores
Ana Carolina Ferreira de Sousa Seguti, Jânio Serafim Sousa, Douglas Garcia Silva, Marina Souza Rocha, Kelvin Silva Warley Pereira Silva, Lara Khaled Porto, Ana Paula Farago Alvarenga, Walquíria Quida Salles Pereira Primo