Dados do Trabalho

TÍTULO

Caracterização do óbito neonatal tardio em uma população de near miss neonatal.

OBJETIVO

Descrever as condições materno-infantis dos recém-nascidos (RN) considerados near miss neonatal (NMN) que sobreviveram à primeira semana, mas faleceram ainda no primeiro mês de vida.

MÉTODOS

Foi realizado um estudo transversal aninhado a um estudo de coorte em uma maternidade de alto risco em Aracaju, Sergipe, Brasil, em que foram identificados casos de NMN e dados referentes à gestação e ao parto foram colhidos através de entrevista e consulta aos prontuários. Uma posterior consulta online foi feita para identificação dos óbitos neonatais tardios entre os casos de NMN. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe, com número do CAAE 274216214.8.0000.5546.

RESULTADOS

Durante o período, 235 RN foram classificados como NMN, dos quais 12 foram a óbito entre o oitavo e o vigésimo sétimo dias de vida. Analisaram-se as características materno-intantis destes 12 RN. Em relação à mãe, a maior parte era oriunda do interior (58,3%), morava em área urbana (58,3%), tinha idade entre 20 e 34 anos (75,0%), eram negras (41,7%), casadas ou em união estável (58,3%), com escolaridade menor do que 8 anos (33,3%) e com renda de 1 a 3 salários mínimos (41,67%). Em sua maioria realizaram pré-natal (66,7%), chegando na primeira consulta com menos de 16 semanas (41,7%) e alcançando o número adequado de consultas (58,3%). 75% não tinham doença antes da gravidez, 58,3% usaram corticoide na gestação e 91,7% tiveram intercorrências na gestação atual, enquanto 66,7% tiveram na anterior. O tipo do parto mais prevalente foi vaginal (50,0%), sem bolsa rota (41,7%) e sem uso de ocitocina (66,7%) ou misoprostol (91,7%). Com relação ao RN, 66,7% eram do sexo masculino, com idade gestacional ao nascer maior que 32 semanas e peso menor que 1500g; 75% tiveram Apgar maior que 7 no quinto minuto de vida. Todos necessitaram de cuidados intensivos com oxigenioterapia, antibioticoterapia e nutrição parenteral.

CONCLUSÕES

Observou-se que houve predomínio do sexo masculino, alta prevalência de muito baixo peso, baixa escolaridade materna, uso de corticoide e intercorrências na gestação. Todos necessitaram de cuidados intensivos.