60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

ENFISEMA SUBCUTÂNEO VULVAR APÓS APENDICECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM GESTANTE

CONTEXTO

Durante a realização de um procedimento videolaparoscópico se utiliza insufladores automáticos de dióxido de carbono (CO2) para criar o pneumoperitônio, permitindo melhor visualização do campo cirúrgico. Dentre as possíveis complicações dessa insuflação está o enfisema subcutâneo, que em geral ocorre pelo mal posicionamento da agulha de pneumoperitônio.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Primigesta de 21 anos com idade gestacional de 28 semanas e 2 dias, apresenta-se à emergência obstétrica com quadro de dor em fossa ilíaca direita, vômitos, disúria e febre baixa há cerca de 2 dias, sem sinais de irritação peritoneal, sendo internada por suspeita de pielonefrite. A dor abdominal apresentou piora progressiva, mesmo após antibioticoterapia endovenosa. O resultado da urocultura negativa aumentou a suspeita do diagnóstico de apendicite aguda, que foi confirmado após realização de ultrassonografia de abdome total. A apendicectomia videolaparoscópica foi realizada pela equipe da cirurgia geral cinco dias após internação e a paciente recebeu alta em ótimo estado clínico, dois dias após a realização do procedimento. Em torno do quinto dia após sua alta, com 30 semanas de gestação, procura emergência com queixa de edema em membros inferiores e região genital. Ao exame físico, constatou-se edema importante de região vulvar envolvendo lábios maiores e menores, além de membros inferiores, de característica amolecida e sem sinais flogísticos. Após discussão do caso com a cirurgia geral, se diagnosticou a situação como enfisema subcutâneo após indução de pneumoperitônio videolaparoscópico, devido ao aumento da pressão intra-abdominal durante o tempo cirúrgico. A paciente recebeu orientações sobre a conduta conservadora e os sinais de alarme, tendo entrado em remissão completa do quadro clínico dez dias depois.

COMENTÁRIOS

Casos de enfisema subcutâneo após a realização de cirurgias laparoscópicas têm maior incidência em cirurgias com duração superior a 200 minutos ou em pacientes com mais de 65 anos. Chama atenção a escassez de dados na literatura em relatos de casos dessa condição que, em geral, tem evolução benigna e autolimitada por meio da reabsorção do gás pelos tecidos. Pode ocorrer, como mecanismo de compensação, o reflexo de hiperventilação para eliminação do dióxido de carbono. Se deve permanecer em alerta com pacientes que não sejam capazes de aumentar a ventilação, como pacientes com doenças pulmonares crônicas, nos quais o quadro de hipercarbia e acidose podem ocorrer no período pós-operatório.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Nicole Zazula Beatrici, Amanda Roussenq dos Passos, Ana Carolina Fernandes Silva, Luiz Fernando Sommacal, Julia Lopes Garrafa, Ana Paula Fritzen de Carvalho, Gustavo Costa Henrique