60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Perfil clínico e epidemiológico de parturientes com Síndrome Hipertensiva em Hospital de referência

OBJETIVO

Descrever e analisar o perfil clínico e epidemiológico de gestantes com Síndromes Hipertensivas em hospital terciário

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional tipo corte transversal com as pacientes do hospital referenciado que tiveram o diagnóstico de síndrome hipertensiva registrado em prontuário entre setembro de 2018 e maio de 2019. Dados coletados após aprovação pelo Comitê de Ética com CAAE 94710218.0.0000.5201. Foram analisadas 403 pacientes através dos prontuários, cartão pré-natal e entrevista guiada por formulário elaborado pelos pesquisadores. A análise estatística foi realizada utilizando o programa EpiInfo 3.5.4 sendo calculadas medidas de tendência central e dispersão.

RESULTADOS

Com 47,4%, a síndrome mais prevalente foi a pré-eclâmpsia (PE), seguida da PE superposta (17,9%) e, só então, a hipertensão crônica (11,7%). Encontrou-se que 84,6% eram obesas ou tinham sobrepeso e destas, 64,7% desenvolveram PE ou PE superposta. Percebeu-se que 59,8% das mulheres tiveram diagnóstico durante o pré-natal, entretanto um quarto das pacientes teve menos de seis consultas de pré-natal, número mínimo preconizado. Apesar das evidências e indicações do uso do ácido acetilsalicílico (AAS), das 110 (27,2%) mulheres que tiveram história prévia de alguma síndrome, e que deveriam ter feito uso da medicação, apenas 27 (24,5%) fizeram uso. Além disso, doenças associadas ao aumento do risco de síndrome hipertensiva e que indicariam também o uso do AAS estavam presentes em 36,9% da amostra, demonstrando que falha de indicação da profilaxia é expressiva. Encontrou-se tempo médio de 5,3 dias de internamento pós-parto, o que pode estar associado às elevadas taxas de complicações (23,3%), como a síndrome HELLP (10,9%) e a lesão renal aguda (3,4%). Tais doenças exigem alto grau de vigilância o que justifica a porcentagem de internamentos em Unidade de Terapia Intensiva, qual seja 17,4%. Tais achados corroboram com a gravidade das síndromes hipertensivas em gestantes.

CONCLUSÕES

Um pré-natal adequado pode modificar a história natural da doença, principalmente na identificação dos fatores predisponentes. Percebeu-se, no entanto, uma falha nesta estratégia, bem como no início correto da profilaxia com o ácido acetilsalicílico nas mulheres com risco e indicação formal. Dessa forma, incentivar os profissionais a seguirem as recomendações e diretrizes existentes seria um passo importante na mudança dos desfechos negativos.

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

Lucas Gomes de Morais Fulco, Leila Katz, Thiago Reinaux Monteiro Alves, Luanna Vitor Macedo, Bruna Lippo Pedrosa, André Gomes Vidal Filho