60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Caracterização de Gestantes com Sífilis em uma Maternidade de Salvador, Bahia: Estudo Transversal

OBJETIVO

Caracterizar casos de sífilis materna e identificar possíveis riscos para a transmissão vertical em uma Maternidade de Referência em Salvador, Bahia.

MÉTODOS

Estudo retrospectivo transversal aprovado pelo CEP, com CAAE de número 98626718.9.0000.8035. Foram avaliados dados registrados na ficha de notificação compulsória para sífilis, reportadas no período de 2016-2019, em uma Maternidade de Referência em Salvador-BA. As informações foram cadastradas e analisadas no REDCap.

RESULTADOS

1.659 gestantes foram incluídas, sendo o ano de 2019 com a maior prevalência, com 524 pacientes (31,6%). O perfil foi raça parda (47,3%), mediana de idade de 25 anos e com ensino médio incompleto (11%). Os diagnósticos foram obtidos, em sua maioria, no terceiro trimestre gestacional (80,1%). Sífilis primária (10,7%) e latente (9,6%) foram as classificações mais apontadas. 18,5% obtiveram diagnóstico reagente apenas no teste treponêmico, 2,2% apenas no teste não-treponêmico, 79,3% foram reagentes em ambos. A mediana do valor da titulação foi de 8. O esquema de tratamento foi realizado em 1.011 (61%) gestantes. Dentre eles, 29,9% utilizaram Penicilina G Benzatina 7.200.000 UI, 25,6% Penicilina G Benzatina 2.400.000 UI e 3,9% Penicilina G Benzatina 4.800.000 UI. 17,6% das pacientes não realizaram o tratamento e 21,4% tinham essa informação ignorada. 13,2% dos parceiros foram tratados concomitantemente, enquanto 21,8% não realizaram e 65% tinham esse dado ignorado. No mesmo período, foram notificados 880 casos de sífilis congênita, desses, 49,6% das mães realizaram o tratamento de forma inadequada ou não o realizaram, enquanto 38,6% tiveram terapêutica adequada.

CONCLUSÕES

Foi evidenciado um número alarmante de sífilis materna e, apesar desse diagnóstico, muitos dados na ficha de notificação encontravam-se ignorados, ocasionando interferência na vigilância e controle da infecção. Além disso, alguns pontos enfatizaram a alta probabilidade da transmissão vertical. Dentre eles, o diagnóstico prevalente no terceiro trimestre e a maior porcentagem da doença sintomática, em sua fase primária. Bem como, a baixa aderência terapêutica materna e do seu parceiro, considerando, principalmente a facilidade de acesso à penicilina. Portanto, é fundamental que o cuidado do pré-natal seja direcionado para detectar e minimizar essas falhas, reduzindo repercussões desfavoráveis que podem evoluir para graves sequelas neurológicas na criança.

Área

OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação

Autores

Lorena Cunha Martins, Alan Oliveira Duarte, Ciro Gomes Machado, Mariellen Santos de Jesus Souza, Maria Aline Silva Alves, Pedro Paulo Bastos Filho, Juan Ignacio Calcagno, Isadora Cristina de Siqueira