60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

DOENÇA RENAL CRÔNICA E O DESFECHO MATERNO FETAL: UM RELATO DE CASO

CONTEXTO

O principal desafio no acompanhamento de uma gestante com doença renal crônica se faz na redução da morbimortalidade materno fetal e enfrentamento dos riscos elevados de restrição do crescimento intrauterino, descolamento placentário e eclâmpsia.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Feminino, 24 anos, G2P1CA0, IG 24s3d, previamente hígida, iniciou elevação da pressão arterial por volta das 23 semanas, evoluindo rapidamente com lesão renal aguda e necessidade de diálise. Na ocasião foi transferida ao hospital de referência para investigação etiológica. Ao exame, apresentava-se anasarcada, hipertensa (180X130) e ao laboratório evidenciou-se anemia grave (Hb 6,5), elevação das escórias nitrogenadas e proteinúria (CCR: 8,98; UR: 155; PTU 5.185G/24h). Na admissão realizado hemotransfusão e iniciada hemodiálise diária com maior perda volêmica sendo encaminhada à UTI para estabilização clínica. Durante investigação etiológica, USG do aparelho urinário evidenciou rins com ecogenicidade aumentada, porém com relação cortico-medular e dimensões preservadas, houve piora da proteinúria, hematúria microscópica, além de hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, realizado ainda, provas reumatológicas, as mesmas sem alterações. Aventada a hipótese de síndrome nefrótica que se associou à pré-eclâmpsia, optado pela realização de biópsia apenas após a gestação. Em relação a vitalidade fetal o doppler evoluiu com centralização fetal. Devido ao risco de eclâmpsia, AVC e descolamento de placenta pelos elevados níveis pressóricos refratários à diálise e cinco classes de anti-hipertensivos, foi realizada a interrupção da gestação por cesariana com IGF de 25s 6d. RN encaminhado à UTI neonatal onde permaneceu por 2 meses quando foi a óbito por complicações da prematuridade. No puerpério prosseguiu-se com a investigação clínica e o exame de biópsia renal demonstrou alterações de cronicidade com diagnóstico final de Glomerulonefrite crescêntica difusa com presença de imunodepósitos de IgA (Doença de Berger). No final do puerpério inserido DIU de cobre, mantido hemodiálise e encaminhada pela nefrologia para transplante renal.

COMENTÁRIOS

Portanto, conclui-se que a perda progressiva da função renal, é uma das causas mais graves de hipertensão arterial refratária e possui difícil diagnóstico diferencial com insuficiência renal aguda decorrente da pré-eclâmpsia. Sendo a nefropatia na gestação um evento com alta morbimortalidade materno fetal mesmo quando enfrentada por equipe multidisciplinar capacitada.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Jhenifer Pinheiro Teixeira, Melissa Gomes Lins, Maria Aparecida Mazzutti Verlangieri Carmo