Dados do Trabalho
TÍTULO
Violência Obstétrica em Maternidades Públicas e Privadas de Sergipe
OBJETIVO
Avaliar a prevalência de violência obstétrica (VO) em maternidades particulares e públicas do estado de Sergipe, além de tipificar as agressões sofridas pelas vítimas.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal, no qual foram incluídas mulheres com 18 anos ou mais que pariram em maternidades públicas e privadas do Estado de Sergipe entre 2017 e 2022. Foram coletados dados sobre variáveis socioeconômicas, condição do parto e tipos de agressões. A VO foi avaliada pelos atos descritos considerados como violentos. A estatística foi realizada por meio do cálculo de prevalência, do Odds Ratio (OR) e do Teste de MannWhitney. O projeto foi submetido para o Comitê de Ética e Pesquisa, sob o CAAE 47060621.8.0000.5546.
RESULTADOS
Das 337 mulheres entrevistadas, o perfil socioeconômico foi de mulheres entre 20 a 39 anos (92%), casada ou em união estável (71%), parda (53%), com ensino superior completo (45%) e renda familiar de até 2 salários mínimos (50%). A prevalência dos casos de VO relatada foi de 85%. A estratificação da VO em diferentes tipos revelou que as agressões mais comuns são uso indevido de procedimentos de técnicas (UIPT; 77%), negligência (61%) e violência psicológica (46%). Foram avaliadas também as associações entre as categorias de VO. 27% das mulheres violentadas afirmam que sofreram 3 tipos de agressões em um mesmo momento de parto. A análise dos valores através da determinação do OR demonstrou que houve maior ocorrência concomitante entre os tipos UIPT e violência sexual. Quanto à instituição, a VO foi mais prevalente no setor público, com taxa de 95%. Todos os tipos de violação foram relatados com maior frequência nos serviços públicos. Na rede particular, apesar de menor, a prevalência foi também elevada (73%). Avaliando o número de categorias de VO coexistentes em relação à instituição, ficou evidente que mulheres que pariram na rede pública sofreram mais tipos de violência de forma concomitante se comparado à rede privada.
CONCLUSÕES
A VO apresentou uma prevalência de 85%, sendo a categoria predominante o UIPT. Grande parte das mulheres afirmaram que sofreram até 3 categorias diferentes de violência ao mesmo tempo, sendo que mais ocorreram de forma simultânea foram UIPT e violência sexual. Outrossim, os relatos de maus-tratos foram mais frequentes entre as usuárias da rede pública. A associação entre as variáveis indicou que as mulheres assistidas nessas instituições sofreram também uma maior variedade de agressões concomitantes.
Área
OBSTETRÍCIA - Assistência ao trabalho de parto e suas fases clínicas
Autores
Renata Vieira Oliveira, Yasmin Juliany de Souza Figueiredo, Maria Luíza Souza Rates, Rayssa da Nóbrega Didou, Leonardo Andrade da Cunha, João Eduardo Andrade Tavares de Aguiar, Thais Serafim Leite de Barros Silva, Júlia Maria Gonçalves Dias