60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Avaliação da influência do método de manejo menstrual na microbiota vaginal

OBJETIVO

Avaliar a influência do método de manejo menstrual - absorvente externo e coletor menstrual - sobre o padrão de microbiota vaginal, além de determinar a aceitação do coletor menstrual por mulheres em idade reprodutiva.

MÉTODOS

Foi realizado estudo prospectivo longitudinal com 85 mulheres em idade reprodutiva com ciclos menstruais regulares, cujo método de escolha para manejo da menstruação era absorvente externo no momento da inclusão no estudo, em seis ciclos menstruais consecutivos.
As primeiras 3 coletas (M1 a M3) de conteúdo vaginal e secreção cervical foram realizadas com as participantes em uso de absorvente externo. As 3 coletas consecutivas (M4 a M6) foram realizadas em uso de coletor menstrual.
Os exames realizados incluíram: avaliação da microbiota vaginal, citologia oncótica, pesquisa de Papilomavírus humano, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e Trichomonas vaginalis.
As prevalências de alterações da microbiota vaginal foram comparadas entre os diferentes métodos de manejo menstrual por teste exato de Fisher.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 63727316.0.0000.5411).

RESULTADOS

Durante o uso de absorvente externo (M1-M3), a prevalência de microbiota alterada foi de 23%, 18,6% e 10%, respectivamente. Durante o uso do coletor (M4-M6) essas prevalências foram de 12%, 12% e 11,6%, respectivamente.
Em relação à citologia oncótica, apenas uma paciente apresentou alteração de células escamosas atípicas de significado indeterminado. Nenhuma amostra foi positiva para T. vaginalis e N. gonorrhoeae. A pesquisa de C. trachomatis foi positiva em 5,9% das participantes do estudo. As amostras para HPV foram positivas em 48,94% dos casos em M1 e 51,06% dos casos em M3. A prevalência de candidíase foi de 4,4%.
A prevalência de microbiota dominada por lactobacilos foi significativamente maior que a de microbiota vaginal alterada nos momentos M5 a M6 quando comparado aos momentos M1 a M3 (p=0.0392). O M4, por ser um momento de transição entre os métodos de manejo menstrual, foi excluído da análise comparativa.
A aceitação e intenção de adoção permanente do coletor menstrual foi de 95,3%.

CONCLUSÕES

Este é o primeiro estudo brasileiro a avaliar como o coletor menstrual interfere na microbiota vaginal. Os resultados mostram que os coletores menstruais podem ser benéficos, não apenas ao meio ambiente e economicamente, mas também à microbiota vaginal. A aceitação do coletor menstrual foi alta entre as participantes.

Área

GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior

Autores

Beatriz Cassolatti Graciolli, Andrea da Rocha Tristão, Márcia Guimarães da Silva, Bruna Ribeiro de Andrade Ramos, Marli Teresinha Cassamassimo Duarte, Mariana Alice de Oliveira Ignácio, Mariana de Castro Silva, Jeniffer Sena Baptista Ferreira