Dados do Trabalho

TÍTULO

Estudo epidemiológico da mortalidade materna na juventude no estado do Ceará entre 2000 e 2020

OBJETIVO

Analisar os índices epidemiológicos relativos aos óbitos maternos durante juventude (entre os 15 e 24 anos) notificados no Ceará no período de 2000 a 2020.

MÉTODOS

Estudo descritivo e retrospectivo dos casos de óbito materno no Ceará, considerando as variáveis: número de casos, faixa etária, escolaridade, estado civil e raça da mãe, local da ocorrência e tipo de causa do óbito. Os dados foram coletados via Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil – DATASUS, pela ferramenta TABNET, não necessitando submeter ao Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS

Foram notificados 710 casos de mortalidade materna juvenil no Ceará, de 2000 a 2020. Quanto à faixa etária materna, constatou-se que 63,0% das mulheres tinham idade entre 20 e 24 anos; e 37,0% entre 15 a 19 anos. Acerca da escolaridade das mulheres que foram a óbito, 25,1% possuíam de 4 a 7 anos de estudo; 22,5 % possuíam de 8 a 11 anos; 12,1% possuíam de 1 a 3 anos; 3,6% possuíam 12 anos ou mais; e 2,6% não tiveram acesso à educação, além de 243 mulheres (34,2%) que tiveram esse dado ignorado. Quanto ao estado civil, constatou-se: 65,2% solteiras; 16,2% casadas; 5,0% com outro estado civil; 0,4 % separadas; e 0,4% viúvas, além de 12,7% com esse dado ignorado. Em relação à raça, atestou-se: 66,2% pardas; 17,6% brancas; 11,8% com raça ignorada; 4,0% pretas; e 0,4% amarelas. Em relação ao local de ocorrência, 615 (86,6%) ocorreram em hospitais; 44 (6,1%) em domicílio; 26 (3,7%) em outros locais; 21 (3%) em via pública; e 4 (0,6%) em outros estabelecimentos de saúde. Quanto ao tipo de causa do óbito, 377 (53,0%) se deram por causas materno obstétricas diretas, enquanto 291 (41,0%), por indiretas, além de 42 casos (6,0%) com causa obstétrica não especificada.

CONCLUSÕES

A partir do estudo, traçou-se um o perfil epidemiológico da mortalidade materna juvenil no Ceará durante o período analisado, composto em sua maioria por mulheres pardas, solteiras, com idade entre 20 e 24 anos e com escolaridade de 4 a 11 anos. Quanto às circunstâncias do óbito, a maior parcela teve causa direta e ocorreu em instituições de saúde, destacando-se, no entanto, a proporção de óbitos que ocorreram em via pública. Ademais, evidencia-se que boa parcela das gestantes teve dados importantes, como sua escolaridade, estado civil e raça ignorados, dificultando a realização da notificação de casos de forma fidedigna. Diante dos dados, explicita-se a relevância do investimento em mais políticas de saúde pública e social da mulher em idade jovem.