60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO: O QUE MUDOU DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19?

OBJETIVO

Analisar os casos doença hipertensiva, seu diagnóstico e tratamento em parturientes acompanhadas em um hospital terciário no Rio Grande do Sul, em dois períodos distintos.

MÉTODOS

Pesquisa de tipo transversal com 1766 parturientes em um hospital universitário da região central do Rio Grande do Sul. Os dados foram obtidos em dois períodos, o primeiro em de janeiro de 2017 a junho de 2018 (n= 981), e o segundo de janeiro de 2020 a janeiro de 2021 (n=785), por meio de entrevistas e análise de prontuários eletrônicos. Fizeram parte da avaliação pacientes hipertensas, comparando os desfechos gestacionais entre os dois períodos. Foi realizada análise descritiva das variáveis e a associação foi verificada pelo teste Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Os dados analisados fazem parte do projeto de pesquisa Desfechos Gestacionais, aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE 59366116.5.0000.5346).

RESULTADOS

A prevalência de hipertensão nas parturientes atendidas no hospital aumentou de 31,1 para 49,8% entre os períodos estudados. Observou-se aumento significante na prevalência de pré-eclâmpsia (PE), de 42,4% para 47,1%, e de hipertensão arterial sistêmica (HAS) crônica com PE sobreposta, de 5,8% para 11,1%. A prevalência de HAS gestacional reduziu de 39,8 para 28,8% e de HAS crônica não variou entre os períodos. Em relação aos anti-hipertensivos, metildopa foi o fármaco mais administrado (em 37,8 e 41,8% dos casos respectivamente). Observou-se redução significante no uso de hidralazina (de 7% no primeiro para 2,4% no segundo período) e aumento no uso de nifedipina (de 1,6% para 4,7%). Quanto ao pré-natal, observou-se que 32,3% das gestantes fizeram o pré-natal em serviço de alto risco no primeiro período e 46% no segundo. Nos dois períodos, o principal tipo de parto foi cesáreo, sendo 63,8% no período 1 e 62,6% no 2. Não houve variação na idade gestacional, peso ou Apgar ao nascimento.

CONCLUSÕES

A partir dos dados apresentados, observamos alta taxa de hipertensas entre as parturientes atendidas, o que se justifica por ser o hospital referência regional para gestantes de alto risco. No entanto, o aumento da prevalência de pré-eclâmpsia, associada ou não à HAS crônica, necessita ser esclarecido. No segundo período tivemos a concomitância da pandemia COVID-19, cujo agente etiológico SARS-CoV-2 pode causar importantes efeitos sistêmicos, incluindo a hipertensão e proteinúria. Desta forma, a diferenciação entre PE e COVID-19 pode ser um desafio.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Gean Scherer da Silva, Aline Abud Gomes, Eloísa Manzan Florencio, Bruna Dorneles, Tanize Louize Milbradt, Pietra Azambuja Neves, Luciane Flores Jacobi, Cristine Kolling Konopka