60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Perfil Epidemiológico da Sífilis Gestacional em uma maternidade de risco habitual em São Paulo

OBJETIVO

Analisar o perfil de sífilis em gestantes e suas repercussões nos recém-nascidos (RN) expostos ao treponema pallidum em uma maternidade referência de risco habitual no interior de São Paulo.

MÉTODOS

Após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 96398618.4.0000.5498), foi realizado um estudo transversal, retrospectivo, com dados obtidos pela notificação de sífilis em gestantes e análise de prontuários, no período de julho de 2021 a junho de 2022. Foram mensurados a via de parto, presença de cicatriz sorológica, diagnóstico de sífilis adquirida, tratamento, reinfecção e desfechos perinatais. A análise estatística foi feita por análise univariada, com tabelas de distribuição de frequência e testes de associação de variáveis. Considerou-se tratamento adequado para sífilis durante a gestação, o tratamento completo e documentado para o estágio clínico da sífilis com benzilpenicilina benzatina iniciado até 30 dias antes do parto e finalizado antes do nascimento.

RESULTADOS

Foram incluídas 1247 gestantes, das quais 42 (3,4%) apresentaram teste treponêmico (TP) positivo. Destas, 66% estavam na faixa etária entre 20 a 29 anos; 42% se declarou branca, 33% parda e 16% preta. Quanto a via de parto, em 54,7% foi realizada cesárea e 45,3% parto normal. 5 pacientes (11,9%) com baixa titulação e histórico de tratamento adequado prévio, tiveram seus exames considerados como cicatriz sorológica. O tratamento inadequado foi mensurado em 16,6% das pacientes. Nenhum RN teve Apgar ≤ 7 no quinto minuto. Foram coletados líquido cefalorraquidiano (LCR) em 50% dos RN para análise do teste não treponêmico (VDRL), contagem celular e de proteína, sendo 2 VDRL reagentes. Dos 31 casos de VDRL reagentes em sangue periférico do RN, 54,9% foram RN expostos a sífilis, 35,6% diagnosticados com sífilis congênita (SC) sem neurossífilis e 9,5% SC com neurossífilis. Nos 4 RN com neurossífilis, as mães foram adequadamente tratadas. Não foram coletados dados do tratamento das parcerias sexuais.

CONCLUSÕES

A taxa de detecção de sífilis em gestantes na população estudada foi maior que a taxa brasileira no mesmo ano 33,6 versus 21.6 (MS, 2021) respectivamente. É preocupante os dados de 4 RN com neurossífilis mesmo após tratamento materno. Sugere-se portanto, considerar também o tratamento das parcerias na caracterização do tratamento adequado. Deve-se investir na vigilância, testagem ou oferta de tratamento presuntivo desta população visando diminuir a cadeia de transmissão e reinfecção.

Área

OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação

Autores

Bruna Rodrigues Godoy, Monique Rossato Cunha, Mateus Balieiro Roma , João Antonio Fagotti Muniz , Eliandra Bastos Sanglard Fonseca, Juliana Olímpio Borelli, José Eduardo Chufalo, Ronaldo Eustáquio Oliveira Júnior