Dados do Trabalho

TÍTULO

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA DEVIDO À PROLAPSO UTERINO GRAVE - UM RELATO DE CASO

CONTEXTO

O prolapso de órgãos pélvicos é causado, dentre outros fatores, pelo enfraquecimento dos ligamentos responsáveis pela sustentação, sendo o tipo prolapso uterino definido como a herniação do útero através do canal vaginal. Sua complicação mais comum é a incontinência urinária de esforço. No entanto, uma complicação rara dos prolapsos de órgãos pélvicos graves é a lesão renal aguda do tipo pós renal. Com esse artigo objetiva-se descrever a abordagem cirúrgica feita em um raro caso de deterioração aguda da função renal devido à compressão ureteral bilateral em uma paciente com prolapso uterino total. O trabalho encontra-se de acordo com as normas éticas e respectiva aprovação em Comitê de Ética e Pesquisa.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente de 84 anos foi internada em serviço terciário por dor genital e abdominal agudas e de forte intensidade; apresentava prolapso uterino total não redutível e edemaciado e diurese presente em sonda vesical. Possuía histórico de insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II insulino-dependente, dislipidemia e síndrome demencial, além de prolapso uterino total não redutível. Aos exames: revelou creatinina de 3,1 mg/dL e a tomografia computadorizada de abdome e pelve demonstrou dilatação pielocalicial bilateral, hidronefrose e projeção de ureteres terminais nas porções focalizadas no períneo/ vagina. Dessa forma, interpretou-se que houve descompensação renal aguda por obstrução pós-renal devido à compressão extrínseca dos ureteres pelo prolapso exteriorizado. Após abordagem cirúrgica - histerectomia vaginal total, colpoperineoplastia anterior e posterior - a paciente foi acompanhada em serviço de terapia intensiva e sua evolução foi favorável com melhora gradual da função renal e melhor qualidade de vida à paciente.

COMENTÁRIOS

Atentar-se para a história clínica e sintomas da paciente com prolapso de órgãos pélvicos faz com que o diagnóstico diferencial contemple até mesmo patologias que, apesar de improváveis por conta da benignidade, podem causar quadros severos. Recomenda-se a vigilância da função renal e a realização de ultrassonografia renal em mulheres com prolapsos avançados, especialmente quando a intervenção cirúrgica não é indicada, ou até mesmo tardia. Frente a situação exposta, caso não tivesse sido feita a correção cirúrgica, provavelmente a paciente iria evoluir com uma falência renal aguda, sendo o manejo clínico, diagnóstico e terapia proposta essenciais para o desfecho favorável do quadro.