60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

EPIDEMIOLOGIA DA SÍFILIS GESTACIONAL NO NORDESTE ENTRE OS ANOS DE 2010 A 2020: UM ESTUDO ECOLÓGICO

OBJETIVO

Objetiva descrever os dados e traçar um perfil clínico-epidemiológico da sífilis gestacional(SG) no Nordeste do Brasil no período de 2010 a 2020.

MÉTODOS

Estudo ecológico, descritivo, quantitativo e transversal no qual são avaliados os dados disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde(DATASUS) e no Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis(DCCI) referentes às fichas de notificação de sífilis gestacional na região do Nordeste, entre os anos de 2010 e 2020. Variáveis analisadas: idade, escolaridade, raça/cor, idade gestacional e classificação clínica. Os dados foram tabulados em planilha eletrônica, submetidos a filtros e em análise estatística.

RESULTADOS

Dos 61.566 casos notificados de SG no período entre 2010 e 2020 no Brasil, 12.611 foram na Região Nordeste. O ano com mais casos de sífilis gestacional foi 2018, totalizando 14711, o que corresponde a 18%. Porém, o menor número foi em 2011, com 2299 casos, contabilizando 3% do total. Quanto à faixa etária, 166 (1%) casos de sífilis gestacional foram em mulheres com 10 a 14 anos; 2901 (23%) em mulheres entre 15 e 19 anos; 9261 (74%) em mulheres entre 20 e 39 anos; e 281 (2%) em mulheres com mais de 40 anos. Verificou-se que a raça incidente nos casos do Nordeste foi a raça parda (77%; n=9219). Foram notificados 1348 casos (11%) em mulheres brancas; 1185 (10%) em mulheres pretas; 113 (1%) em mulheres amarelas; e 53 (1%) casos em mulheres indígenas. Quanto à classificação clínica da sífilis gestacional, a maioria dos casos foram sífilis primária (44%; n=3215) e sífilis latente (30%; n=2206). Notou-se que 683 (9%) eram casos de sífilis secundária e 1270 (17%) de sífilis terciária. Em relação à idade gestacional, os dados iniciam no ano de 2011, visto que os anteriores estão reunidos e não permite a quantificação exata. Com base nisso, entre 2011 e 2020, 19031 (26%) casos de sífilis gestacional foram diagnosticados no 1º trimestre da gestação; 23829 (32%) casos no 2º trimestre; e 30667 no 3º trimestre (42%).

CONCLUSÕES

O número de casos de SG aumentou entre os anos de 2010 e 2018. O perfil clínico-epidemiológico das pacientes consiste em mulheres de baixa escolaridade, pardas, com idade entre 20-29 anos e com diagnóstico no terceiro trimestre de gestação. Assim, percebe-se que os fatores sociais associados a falhas na assistência à saúde têm provocado a continuidade da sífilis gestacional como uma grave problemática na saúde pública do Brasil.

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

Gabriela Silva de Brito, Bruna Pereira Fernandes, Jessica Vieira Peixoto, Taisa Del Pino Lino Almeida, Camila Jales Lima de Queiroz, Anderson Belmont Correia de Oliveira, Ana Thereza da Cunha Uchoa