Dados do Trabalho
TÍTULO
Congelamento de óvulos para preservação “social” da fertilidade: 18 anos de experiência
OBJETIVO
O congelamento de óvulos (COV) ganha notoriedade entre as mulheres que buscam a estabilidade profissional e financeira antes de constituir sua família. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil das pacientes que realizaram COV “social” nos últimos 18 anos.
MÉTODOS
Estudo epidemiológico realizado em uma clínica de reprodução assistida, de 2004 a 07/2022. Os dados foram coletados de prontuários eletrônicos. Foram excluídas pacientes oncológicas. As variáveis foram expressas em porcentagem, média (DP) e mediana (IIQ). CAAE do estudo: 22920019.0.0000.5336.
RESULTADOS
Foram incluídos 782 pacientes e 940 ciclos de COV (120 pacientes fizeram 2 ciclos; 29 fizeram 3 ciclos; 6 fizeram 4 ciclos e 3 fizeram 5 ciclos. Das 782 pacientes, 68,2% eram moradoras da cidade onde se localizava o centro (capital do estado) e 27,2% apresentavam parceiro masculino no momento da coleta. A idade das mulheres foi de 37,1±3,6 anos (min 30 e máx 44 anos no primeiro ciclo). Quanto à profissão, 18,9% das pacientes eram médicas e 18,6% de outras áreas da saúde. Os encaminhamentos destas pacientes para a clínica foram realizados por outros médicos (44,2%), seguido por amigos (28,1%). Não se observou diferença de média ou mediana da idade por ano estudado. Até 2008, todos os congelamentos foram realizados sob a técnica de congelamento lento, quando em 2009 passou-se a utilizar o congelamento rápido (vitrificação). Em relação a coleta dos óvulos, a mediana de folículos aspirados foi de 11 (7-18), oócitos aspirados 8 (5-14), maduros 6 (3,5-10), e de óvulos congelados 7 (4-11). O dia da aspiração teve como mediana o 14º dia do ciclo (13-15). Em relação ao número de ciclos/ano, passou de um ciclo em 2004, para 59 ciclos em 2015, quando então se observou um aumento gradual até 2019. Em 2018, 5,6% das aspirações foliculares foram para COV, já em 2019, 12,8%; em 2020, 13,7%; em 2021, 13,9% e em 2022, este número foi de 17,3%.
CONCLUSÕES
Observou-se um aumento gradual da procura com COV “social”. A idade das mulheres não variou ao longo dos anos. A maioria delas eram da área da saúde, sendo um número considerável de médicas. Quase 30% apresentava parceiro fixo no momento da coleta, mostrando que a nem sempre a falta de parceria é uma motivação para o procedimento. Ocorreu um salto na busca em 2015 e outro em 2019, com uma tendência para crescimento anual. O COV tem se mostrado uma boa opção para preservar a fertilidade.
Área
GINECOLOGIA - Reprodução Humana
Autores
Marta Ribeiro Hentschle, Victória Campos Dornelles, Natália Fontoura de Vasconcelos , Adriana Arent, Mariangela Badalotti