60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação abdominal com feto viável: Relato de caso

CONTEXTO

A gestação abdominal constitui cerca de 1.4% das gestações ectópicas, e 1:10000 a 1:30000 das gestações. A maioria das gestações abdominais não possui invasão trofoblástica para se sustentar, de modo que raros casos se desenvolvem além do 2º trimestre. A mortalidade materna é entre 0,5 - 8% e a perinatal entre 40 - 95%. Devido à raridade de casos, dificuldade de diagnóstico e de tratamento, essas gestações apresentam-se como desafios. Este relato de caso foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Sofia Feldman, CAAE: 43430721.3.0000.5132.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

G4P3vA0, 28 anos, hígida, sem histórico de cirurgias prévias, iniciou pré-natal sem intercorrências, exames de rastreio normais. Com 17 semanas, ultrassonografia evidenciou oligodramnia. Com 27 semanas e 4 dias foi encaminhada ao Hospital Sofia Feldman devido a crescimento intrauterino restrito (CIUR) associado a alterações no doppler e oligodramnia. Na internação, foi realizado corticoterapia e seguimento ultrassonográfico, mantendo-se o quadro. Com 33 semanas e 3 dias, foi indicada cesariana por condições fetais não tranquilizadoras. Durante ato cirúrgico, identificada gestação extrauterina, para-anexial direita/intra-abdominal. Extração de feto masculino, APGAR 6/9, peso de 1665g. Em inventário de cavidade, observado extensões de membrana amniótica aos peritônios peri-vesical e peri-intestinal, sem invasão placentária aos órgãos adjacentes. Mantido dreno na cavidade abdominal e cateter vesical de demora. Recebeu alta hospitalar 48 horas após cirurgia, estável hemodinamicamente e manteve-se estável no puerpério tardio. O recém-nascido (RN), foi encaminhado a Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal. Diagnosticado com displasia broncopulmonar leve e desnutrição, teve internação de 48 dias para adaptação ventilatória, progressão dietética, ganho ponderal e tratamento de sepse neonatal presumida. Recebeu alta em aleitamento materno exclusivo e em ar ambiente, com peso de 2.238g.

COMENTÁRIOS

A paciente não apresentou fatores de risco para gestação abdominal, ou manifestações clinicas de importância obstétrica além do CIUR e da oligodramnia. Além disso, o caso se destaca pela sua evolução, a paciente não evoluiu com hemorragia importante, e não necessitou de hemotransfusão ou reabordagens. Já o RN, apesar da oligodramnia precoce, não evoluiu com hipoplasia pulmonar e teve uma evolução favorável.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Edrei Maia Soares, Nathalia Roscoe e Firace, Laila Thamires Gomes Santana, Lilian Monique Silva Martins Santos, Rafaella Sales e Souza, Guilherme Augustus Amaral