60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

GRAVIDEZ ECTÓPICA NA CICATRIZ UTERINA DE PARTO CESÁREO ANTERIOR: RELATO DE CASO

CONTEXTO

A gravidez ectópica (GE) representa a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre de gestação e institui a necessidade de diagnóstico precoce e atendimento de urgência na Obstetrícia. Este relato de caso traz uma GE na cicatriz da cesárea, ilustrando dados clínicos, abordagem e desfechos.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante de 40 anos, multípara, quatro partos cesáreos anteriores, sendo a última gestação gemelar, negando patologias prévias, assintomática. Procurou Unidade Básica de Saúde (UBS) para dar início ao pré-natal. Na primeira ultrassonografia (USG) obstétrica observa-se saco gestacional (SG) com contornos regulares e de implantação na topografia da cicatriz cirúrgica de cesárea prévia, contendo embrião sem batimentos cardíacos, medindo 0,1 cm de comprimento cabeça-nádega (CCN) compatível com gestação de 7 semanas e 1 dia. Após uma semana, a USG manteve os mesmos achados da primeira, não visualizando-se a vesícula vitelínica e sim formações císticas de permeio com importante vascularização ao estudo doppler colorido, com espessura de até 1,5 cm, em evidência de SG no seu interior. Resultados de β-HCG crescente, sendo D1 o 1º dia quando procurou UBS, D1: 1.067 mUI/ml, D3: 2.405 mUI/ml, D21: 26.914 mUI/ml. A paciente foi submetida a laparotomia exploratória (LE), com ressecção da lesão por histerotomia segmentar. No estudo anátomo patológico do material observa-se formação saculiforme, pesando 2,0g e medindo 3,2 x 2,2 cm. Com fragmento irregular e pardacento medindo 2,7 x 0,8 cm. A conclusão foi de restos ovulares e placentários com áreas de infarto e hemorragia.

COMENTÁRIOS

Na GE, o desenvolvimento do ovo fora da cavidade uterina é a condição dessa patologia, sendo a mais rara a com implantação na cicatriz de parto cesáreo prévio. A ruptura da cicatriz cesárea uterina é uma condição que leva a necessidade de histerectomia e elevação nos índices de morbimortalidade no Brasil, a incidência de gestação ectópica é de 2% em relação as gestações normais. A cirurgia cesariana representa um mecanismo propulsor de risco para GE e de patologias placentárias em gestações subsequentes. A USG serve como método de diagnóstico precoce. Quando realizada com doppler, avalia o fluxo trofoblástico da cavidade uterina e o grau de vascularização da massa anexial. Dentro das opções de tratamento existe a não invasiva usando metotrexato, glicose hiperosmolar e cloreto de potássio. Mesmo assim, o tratamento invasivo através da LE com ou sem histerotomia mostra-se a melhor opção de tratamento.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Maria Luisa Suarez Gutierrez Cella, Luan Lucas Valins Da Silveira, Felipe Costa, Dirce Stein Backes