60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Reparo Laparoscópico da Istmocele com Assistência Histeroscópica

CONTEXTO

Istmocele é a falha na cicatrização miometrial na região ístmica do útero sobre a região de uma cirurgia cesariana prévia. Um defeito no processo cicatricial da incisão uterina gera uma descontinuidade miometrial, formando um nicho. Nesse espaço, pode haver acúmulo de líquido ou sangue que causam as principais manifestações da istmocele: sangramento anormal, dor pélvica crônica e infertilidade. A maioria dos casos é assintomática e não é necessária intervenção. Entretanto, quando há possibilidade de gestação, a istmocele pode trazer riscos quanto à integridade da parede uterina durante o desenvolvimento do feto.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente 34 anos, sexo feminino, G1P1. Procurou serviço de ginecologia porque desejava gestar novamente. Ressonância magnética de pelve revelou istmocele na região anterior uterina, em contato com serosa, profundidade de 1,2cm e extensão longitudinal de 0,5cm. Submeteu-se à cirurgia para excisão do defeito cicatricial. Foi utilizada uma abordagerm combinada da histeroscopia e da laparoscopia. Através da histeroscopia, foi visualizado conteúdo hemático em nicho miometrial e fino contato com a serosa uterina. A descontinuidade miometrial foi identificada e delimitada. Na laparoscopia subsequente, foi realizada a abertura do peritônio anterior, seguida da dissecção do espaço vesico-uterino/vaginal e identificação da istmocele. Foi realizada incisão com abertura da falha miometrial de maneira mais conservadora, retirando a fibrose sem grande extensão de lesão. Em seguida foi executada a sutura em dois planos, técnica mais efetiva na manutenção da espessura miometrial, com aproximação e reforço da parede uterina.

COMENTÁRIOS

A istmocele é uma condição que pode ser assintomática e sem repercussões clínicas, mas existem casos nos quais os sintomas ou principalmente o desejo de gestação podem indicar a necessidade de uma abordagem cirúrgica. A depender da profundidade e proximidade da serosa, o procedimento cirúrgico pode ser realizado via laparoscópica ou histeroscópica, uma vez que há risco de perfuração uterina e injúria vesicular. A intervenção cirúrgica geralmente é feita por via laparoscópica quando o resíduo miometrial tem comprimento <3mm. Entretanto, histeroscopicamente é possível visualizar o defeito cicatricial e delimitar de maneira mais eficaz seus limites com visualização em conjunto com a laparoscopia. Esse procedimento permite uma excisão mais precisa da fibrose e evita uma ressecção maior, permitindo uma abordagem mais segura.

Área

GINECOLOGIA - Cirurgia Ginecológica

Autores

Gabriel Marcos Leônidas, Natália Maria Vasconcelos Oliveira, Karina Soares Nogueira, Maria Victória Ferraz, José Armando Pessôa Neto, Sara Arcanjo Lino Karbage, Andreisa Paiva Monteiro Bilhar, Kathiane Lustosa Augusto