60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Diagnóstico e abordagem cirúrgica de uma gestação ectópica em cicatriz de cesárea: um relato de caso

CONTEXTO

Gestação ectópica representa a implantação ovular extrauterina. A incidência é de 1,5-2% das gestações e está associada a alta morbidade. A gestação ectópica em cicatriz de cesárea é a forma mais rara (<1%). A literatura demonstra que apenas uma cesariana prévia já predispõe a ocorrência dessa condição, que tem um difícil diagnóstico ultrassonográfico. Com aumento do número de cesáreas espera-se aumento da incidência. Dessa forma, torna-se imprescindível um diagnóstico precoce e o conhecimento da abordagem por via minimamente invasiva com intuito de preservação da fertilidade.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente, sexo feminino, 31 anos, sem comorbidades, G2 P1C A0. USGTV da quinta semana atesta implantação do saco gestacional na junção corpo/colo e área heterogênea em fundo uterino sugestivo de hematoma; paciente hemodinamicamente estável, assintomática e sem sangramento vaginal. A abordagem obstétrica foi prescrição de progesterona vaginal, indicação de repouso e repetição do exame. Na consulta subsequente, o USGTV demonstrou saco gestacional de forma pouco irregular, localizado a 3,5cm do fundo uterino. Embrião de comprimento cabeça-nádegas de 6,8mm, hematoma fúndico volumoso e vesícula contraída. Identificado embrião sem batimentos, com gestação interrompida de 6 semanas e 4 dias. Paciente encaminhada para abordagem cirúrgica de excisão de tecido trofoblástico ectópico em cicatriz de cesárea. Foi decidio por abordagem laparoscópica, quando foi identificado abaulamento e invasão do tecido trofoblástico em região ístmica, na qual localiza-se a histerorrafia. Acessou-se a região ístmica, dissecando-se o peritônio vesico-uterino. Então, foi visualizado o saco gestacional e o hematoma, que foram excisionados. Feita sutura em 2 planos, para aproximar colo e corpo uterino, indicada para melhor cicatrização uterina. A paciente teve alta e evoluiu sem intercorrências no pós-operatório.

COMENTÁRIOS

Embora seja um tipo de gestação ectópica de rara prevalência (0,05%), o aumento da incidência tem sido observada nos últimos anos. Há associação desse fenômeno com o aumento do número de cesáreas, demonstrando a necessidade de reavaliar condutas e individualizar terapêuticas. A ausência de uma boa indicação médica pode ocasionar alta morbidade e comprometimento da saúde reprodutiva. A abordagem minimamente invasiva através da laparoscopia constitui importante ferramenta com preservação da fertilidade feminina e recuperação mais rápida.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Gabriel Marcos Leônidas, José Armando Pessôa Neto, Silvia Renata Duarte Sobreira, Mariana Queiroz De Souza, Maria Victória Ferraz, Kathiane Lustosa Augusto, Sara Arcanjo Lino Karbage, Andreisa Paiva Monteiro Bilhar