Dados do Trabalho

TÍTULO

PAPEL DA NEOADJUVÂNCIA NA NEOPLASIA DE COLO UTERINO: UM RELATO DE CASO

CONTEXTO

A neoplasia de colo uterino na gestação representa sempre um desafio, tanto do ponto de vista obstétrico quanto da perspectiva de oncologia ginecológica. Há limitações terapêuticas para o tratamento definitivo da lesão pelos cuidados com o concepto, e deve haver também atenção quanto aos riscos de vida maternos. Há evidência de que a neoadjuvância pode ajudar nesse contexto, agindo na finalidade de evitar a disseminação local da neoplasia e possibilitar o tratamento, seja ele cirúrgico ou não, após o puerpério.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente feminina, gestante do 2º trimestre, apresenta-se a serviço de referência em ginecologia oncológica em abril de 2021 com resultados de exames apontando adenocarcinoma de colo uterino em biópsia de cerca de 4 cm. Porém, a ressonância magnética estadiadora não evidenciou a lesão descrita previamente. Devido aos riscos de realizar a conização diagnóstica e estadiadora inerentes à gestação, optou-se por quimioterapia a fim de realizar neoadjuvância, com plano de investigação após desfecho gestacional. 6 semanas após cesárea, realizou conização a frio, que indicou adenocarcinoma, estadiado pela FIGO como IB2 devido às dimensões. Optado pela realização de cirurgia de Wertheim-Meiggs com ooforectomia bilateral pelo padrão glandular da neoplasia. O anátomo-patológico definitivo da peça evidenciou ausência de neoplasia. Entra em seguimento em novembro de 2021, sem recidiva até o momento.

COMENTÁRIOS

Neste caso, mostrou-se a importância do papel da neoadjuvância na limitação da progressão da doença, que manteve-se em estádios clínicos iniciais apesar dos meses entre o diagnóstico e o tratamento devido à gestação. Apesar do tempo de espera, a doença manteve-se operável, e após o procedimento cirúrgico manteve-se restrita ao colo, sem disseminação ou novos focos.