60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Fixação sacroespinhal ou de ligamento uterossacro em prolapso de órgão pélvico: ensaio randomizado

OBJETIVO

Avaliar a eficácia e os resultados do tratamento cirúrgico do prolapso uterino acentuado pelas técnicas de fixação do ligamento sacroespinhoso (SSLF) ou suspensão do ligamento uterossacro (USLS), comparando taxas de sucesso anatômico, cura subjetiva, melhora nos parâmetros de qualidade de vida (P-Qol ) e eventos adversos sob duas definições: prolapso genital Ba, Bp e C <-1 (estágio I) ou Ba, Bp e C ≤ 0 (estágio II).

MÉTODOS

Após aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE 0833/06) e registrado em Clinicaltrial.gov (NCT 01347021), 51 pacientes foram randomizadas e divididas em dois grupos: (1) grupo USLS (N = 26) e (2) grupo SSLF (N = 25), com acompanhamento de 6 e 12 meses e análise dos resultados anatômicos (compartimentos anterior, posterior e apical); qualidade de vida e complicações.

RESULTADOS

Os grupos foram homogêneos considerando parâmetros demográficos e clínicos. Houve melhora significativa no P-Qol e nas medidas anatômicas de todos os compartimentos em ambos os grupos após 12 meses (P<0,001). As taxas de cura anatômica nos grupos ULS e SSLF, considerando o estágio 1, foram 34,6% vs 40% (anterior); 100% ambos os grupos (apical) e 73,1% vs 92% (posterior). As taxas de desfechos adversos foram de 42% (N=11) e 36% (N=11), respectivamente, nos grupos USLS e SSLF (P=0,654)

CONCLUSÕES

Altas taxas de cura em todos os compartimentos foram observadas segundo critério anatômico Ba, Bp e C ≤ 0, sem diferença nos parâmetros de qualidade de vida e complicações com a técnica USLS ou SSLF para tratamento cirúrgico do prolapso uterino acentuado. Devido aos atuais posicionamentos e recomendações de restrições ao uso de telas sintéticas por sociedades médicas especializadas, órgãos reguladores e diversos autores, a cirurgia pélvica reconstrutiva pode estar caminhando para um retorno ao uso clássico de tecidos nativos, mesmo em estágios avançados de POP. Essa tendência louvável, somada à escolha individualizada da melhor técnica cirúrgica, pode proporcionar eficácia e equilíbrio entre cicatrização anatômica e subjetiva, com impacto positivo na qualidade de vida das pacientes com POP.

Área

GINECOLOGIA - Uroginecologia

Autores

SERGIO BRASILEIRO MARTINS, RODRIGO DE AQUINO CASTRO, GISELE VISSOCI MARQUINI, PAULO CEZAR FELDNER JUNIOR, MARCIA MARIA DIAS, MARAIR GRACIO FERREIRA SARTORI