Dados do Trabalho

TÍTULO

CORIOCARCINOMA METASTÁTICO DE ULTRA ALTO RISCO EM PACIENTE DE 19 ANOS

CONTEXTO

O coriocarcinoma é o tipo histológico mais agressivo de neoplasia trofoblástica gestacional (NTG), originando-se de uma mola hidatiforme ou de uma gestação não molar. Caracteriza-se por altos níveis de gonodotrofina coriônica humana, invasão vascular precoce e metástases disseminadas. A incidência global da NTG é de 1: 40000 gestações.
Este relato foi aprovado no comitê de ética e pesquisa (número do CAAE: 62233822.8.0000.5050).

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

V.F.P, 19 anos, G1P0A1, queixa de sangramento transvaginal aumentado há 2 dias. Refere episódios semelhantes há 6 meses quando iniciou fluxo menstrual aumentado de volume e duração. Está há 8 meses em abstinência sexual e nega uso de anticoncepcional. Exame de beta-hcg 572.796 e exame de imagem visualizou útero aumentado de volume contendo grande quantidade de material hiperecóico com vascularização acentuada. Foi hemotransfundida e submetida à curetagem com envio de material para estudo sendo confirmado coriocarcinoma em anatomopatológico.
História médica de curetagem há 6 anos por gestação anembrionada; além de acidente vascular encefálico hemorrágico com necessidade de craniectomia para drenagem de hematoma intracraniano há 1 ano. Diante disso, paciente foi submetida a estadiamento da doença com exames de imagem evidenciando implantes secundários neoplásicos em cérebro; fígado; baço; rins e pulmões - ESTÁGIO IV:15 (FIGO:OMS).
Realizado quimioterapia com etoposideo em dose reduzida e esquema EM-CO com metotrexato em alta dose, com resposta satisfatória até o momento.

COMENTÁRIOS

Neste relato, podemos observar a importância do seguimento após um caso de esvaziamento uterino. O grande intervalo de tempo entre a gestação inicial e o diagnóstico de coriocarcinoma é um marcador de pior prognóstico da doença, cursando com aumento da morbimortalidade. O simples seguimento com valores seriados de beta-hcg permite o diagnóstico precoce da doença. Com o advento dos quimioterápicos a taxa de cura, mesmo em doenças avançadas, é alta e a função reprodutiva da mulher é preservada. O atraso no diagnóstico da paciente resultou em doença avançada e agressiva, com complicações graves. A quimioterapia nesses casos é feita com múltiplas drogas aumentando à intolerância, e podendo cursar com hemorragias graves pelas metástases. A resposta à quimioterapia também reduz, podendo necessitar de terapias alternativas, somando efeitos deletérios.