60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Análise de casos de gestação ectópica durante a pandemia do COVID-19

OBJETIVO

O objetivo deste estudo é avaliar se houve ou não diferença da forma de apresentação das pacientes com gestação ectópica (GE) tubária em relação ao quadro clínico, ao diagnóstico, ao tratamento e ao prognóstico durante o primeiro ano da pandemia comparado com o ano anterior a pandemia.

MÉTODOS

No CAAE: 59249422.4.0000.5505
Realizamos um estudo de coorte retrospectivo com todos os casos de GE tubária diagnosticados no Hospital São Paulo entre março de 2019 e março de 2020 (pré-pandemia) e entre março de 2020 e março de 2021 (pós-pandemia). Comparamos, entre estes 2 grupos, os fatores de risco, as características clínicas, os dados laboratoriais, os aspectos ultrassonográficos, os tipos de tratamento empregado e as complicações.

RESULTADOS

Tivemos 149 diagnósticos de GE durante os dois anos estudados, sendo 135 tubárias. Destas, 65 foram incluídas no grupo pré-pandemia e 70 no pós-pandemia. Não houve diferença estatística entre as características demográficas e os fatores de risco. A prevalência de dor em baixo ventre foi significativamente maior no período de pandemia quando comparado ao período pré-pandemia (91.4% vs 78.1%, p=0.031, respectivamente). Não foi observada diferença significativa entre os grupos estudados sobre o valor do índice de choque, dosagem inicial de B-HCG, hemoglobina ao diagnóstico, dias de atraso menstrual, aspecto da massa anexial e quantidade de líquido livre ao ultrassom, apresentação íntegra ou rota. A conduta expectante foi significativamente maior no período da pandemia (40.0% vs 18.5%, p=0.008, respectivamente), o tratamento cirúrgico menor neste mesmo período (47.1% vs 67.7%, p=0.023), assim como a média de dias de internação (1.3 vs 2.0 dias, p=0.003, respectivamente). Não foi observada diferença significativa em relação ao tratamento com metotrexato.

CONCLUSÕES

Quando comparamos os dois grupos, não observamos diferença significativa no histórico das pacientes, nem nas características laboratoriais e ultrassonográficas. No período da pandemia a queixa que motivou a procura ao Hospital foi a dor demonstrando o receio da população de sair do isolamento e só procurar assistência frente a um sintoma que não pode ser protelado. Em relação ao tratamento observamos que no período da pandemia houve aumento expressivo da conduta expectante e uma redução dos casos cirúrgicos. Possivelmente as pacientes estavam mais predispostas a evitar a internação e optaram por condutas não cirúrgicas caso respeitassem os seus critérios de inclusão.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Lumi Tomishige Chaves, Julio Elito Júnior, Alberto Borges Peixoto