60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Estimativa de custos evitados atribuídos a um programa de rastreio de colo curto para prevenção da prematuridade na perspectiva do SUS

OBJETIVO

Realizar uma análise econômica de custo da implementação de um programa de rastreio de colo curto para redução da prematuridade <34 semanas em gestações únicas sob um horizonte temporal de curto prazo.

MÉTODOS

Esta é uma análise de objetivo secundário do Estudo P5 trial (Aprovado no CEP 1.082.011 e CONEP 1.055.555, CAAE 5592.3016.1.0000.5404), onde realizamos uma análise econômica do tipo custo-benefício utilizando o banco de dados deste ensaio clínico multicêntrico randomizado para prevenção da prematuridade. A coleta de dados ocorreu de Julho de 2015 a Março de 2019 em 17 diferentes hospitais do Brasil. Valoramos os custos de implementar um programa de rastreio universal para prematuridade utilizando ultrassonografia transvaginal para medida do colo uterino, seguido do uso de progesterona vaginal 200mg/dia para as mulheres com gestação única entre 18 a 22 semanas e 6 dias que foram identificadas sob risco aumentado de parto prematuro (colo ≤25mm). A partir de recente meta-análise sobre o tema, consideramos que a cada 18 gestantes com colo ≤25mm que recebem progesterona até 36 semanas de gestação, 1 parto prematuro espontâneo <34 semanas é evitado. Em seguida, comparamos os custos do rastreamento versus o não rastreamento (custos atrelados aos partos prematuros não evitados). O horizonte temporal foi do nascimento até 10 semanas após o parto. O desfecho foi medido monetariamente em real brasileiro (R$) sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde Brasileiro.

RESULTADOS

Entre 7844 mulheres, 6,67% (523) tinham colo ≤25mm. O custo do rastreio com ultrassonografia transvaginal mais a progesterona vaginal para prevenção de nascimentos <34 semanas foi estimado em R$ 383.711,36, enquanto o não rastreamento gerou custo estimado de R$ 446.501,69 (relacionado aos 29 partos prematuros não rastreados). Assim, o rastreamento + profilaxia com progesterona geraria uma redução de custo final de R$ 62.790,33.

CONCLUSÕES

O rastreamento universal de colo curto para prematuridade apresenta menores custos em relação ao não rastreamento dentro de um horizonte temporal de curto prazo, o que sugere uma interessante relação de custo x benefício. Novos estudos que também considerem a custo-efetividade do tratamento profilático utilizando-se de análises de sensibilidade em diferentes cenários dentro do sistema de saúde brasileiro, assim como análises que considerem os custos de longo prazo atrelados ao nascimento prematuro, são necessários para justificar com robustez a implementação de um programa de rastreamento.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Thaís Valéria Silva, Anderson Borovac-Pinheiro, Rodolfo Carvalho Pacagnella