60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

“Tempo no alvo glicêmico” e fetos grandes para a idade gestacional em gestantes com DM tipo 1

OBJETIVO

Avaliar associação entre o tempo no alvo glicêmico (TAG), aferido a partir do automonitoramento glicêmico (AMG), e o desfecho de feto grande para idade gestacional (GIG) em gestantes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1).

MÉTODOS

Estudo retrospectivo, caso-controle, incluindo gestantes com DM1 acompanhadas em hospital terciário de ensino entre jan/2010 e dez/2019. Foram incluídas gestações únicas, com fetos vivos e sem malformações, que iniciaram pré-natal antes de 20 semanas. Os registros de glicemias foram categorizados quanto ao alvo glicêmico preconizado na gestação, extrapolados das recomendações para usuários de sistema de monitoramento de glicemia em tempo real, e suas frequências relativas denominadas tempo inferior ao alvo (TIG), tempo no alvo (TAG) ou tempo superior ao alvo glicêmico (TSG), para cada um dos trimestres. As gestantes foram divididas em dois grupos com relação ao desfecho principal: grupo GIG e grupo não-GIG e comparadas quanto a variáveis clínicas, desfechos obstétricos e controle glicêmico em cada trimestre (TIG, TAG e TSG). Foi realizada análise univariada para comparação entre os grupos e, na sequência, análise de regressão logística para verificar variáveis preditoras independentes do desfecho de feto GIG. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob número CAAE: 60202122.5.0000.0068.

RESULTADOS

Foram incluídas 140 gestantes, 43 (30,7%) no grupo GIG e 97 (69,3%) no grupo não-GIG e que contribuíram, respectivamente, com 5.336, 21.375 e 13.920 e 14.544, 52.921 e 34.900 aferições no 1º, 2º e 3º trimestres. O grupo GIG apresentou menor idade, maior TSG e menor TAG no 2º e 3º trimestres. O modelo de regressão logística identificou o TAG e o TSG em todos os trimestres como fatores independentes para a predição de feto GIG. A cada 1% de aumento do TAG a chance de feto de GIG diminui em 3,3% (OR 0,967, IC95 0,940-0,995), 2,9% (OR 0,972, 0,948 – 0,996) e 2,6% (OR 0,974, 0,952 – 0,996) no 1º, 2º e 3º trimestre, respectivamente. E a cada 1% de aumento do TSG a chance de feto de GIG aumenta em 2,5% (OR 1,025, IC95% 1,004 - 1,0,47), 3,9% (OR 1,039, 1,016 – 1,063) e 4,5% (OR 1,046, 1,019 – 1,073) no 1º, 2º e 3º trimestre, respectivamente. O TIG não mostrou associação significativa com o desfecho de feto GIG.

CONCLUSÕES

O conceito de Tempo no Alvo Glicêmico pode ser extrapolado para pacientes que realizam AMG e há associação direta entre maior TSG e menor TAG em todos os trimestres e maior risco de feto GIG em gestantes com DM1.

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco

Autores

Enio Augusto Mialaret Santos, Tatiana Assuncao Zaccara, Cristiane Freitas Paganoti, Rossana Pulcineli Vieira Francisco, Rafaela Alkmin Costa