60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

INVERSÃO UTERINA PÓS PARTO, A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E MANEJO ADEQUADO

CONTEXTO

A inversão uterina no pós-parto é uma emergência obstétrica rara e potencialmente fatal. Ocorre nas primeiras 24 hrs do puerpério e tem importante associação com hemorragia puerperal

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente de 25 anos, primigesta, com IG de 40 semanas. O pré-natal foi realizado sem intercorrências. Deu entrada na maternidade com colo de útero 90% apagado e dilatado cerca de 3 cm, com apresentação cefálica, FU de 35 centímetros e CTG: Cat 1. Foi internada com diagnóstico de trabalho de parto por volta de 17:00.
Na reavaliação de 22:00 horas, do mesmo dia, no toque ginecológico mostrava uma dilatação de 3 cm, colo de útero 90% apagado, bolsa íntegra (BI) e BCF:137bpm. O padrão de toque se repetiu nas reavaliações até às 09:10 horas, do dia seguinte, quando foi decidido iniciar 5UI de ocitocina em 500 ml de SG 5% correndo 20 gotas por min. A paciente foi reavaliada as 10:40, estava com dilatação de 5cm, colo 90% apagado, BI e BCF:132bpm, a conduta foi mantida. Às 12:50 progrediu para 8cm, BI e BCF:140bpm. Evoluiu para parto normal, nascendo o feto às 13:43, com laceração de segundo grau, sendo administrado 10UI de ocitocina IM. RN, com 3380 g, 47 cm e APGAR 8/8. Houve demora no secundamento da placenta que ocorreu sem muita tração do cordão após 40 min, em BS, sendo acompanhada pelo útero (inversão) que foi revertida imediatamente pela manobra de Taxe. A laceração foi reparada e colocado 4 misoprostol de 200 mg via retal, retomado a ocitocina IV e iniciado Methergin IV. Manteve sinais vitais normais nas primeiras horas. Cerca de 2 horas após o parto, queixou-se de muita dor com sangramento vaginal moderado. Ao toque foi identificado estrutura endurecida, esponjosa, arredondada em terço médio da vagina caracterizando o retorno da inversão uterina. Apresentava, um ht de 28,9 e hb de 9,2%, sendo realizado transfusão de sangue. Sob narcose, foi tentado novamente a recolocação do útero, sem sucesso. Sob anestesia geral, foi realizada uma laparotomia e através da Manobra de Taxe e tração uterina pelo abdômen, conseguiu-se a reversão da inversão. O útero encontrava-se muito atônico, sendo optado pela histerectomia subtotal. A paciente evoluiu bem.

COMENTÁRIOS

A inversão uterina possui um alto índice de mortalidade. A equipe precisa estar capacitada para reconhecer e tratar o mais rápido possível, inicialmente com a manobra de Taxe e caso não reverta, tentando tratamento cirúrgico, cirurgia de Huntington e caso falhe, histerectomia subtotal.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Maria Catharina Piersanti Valiante, Roberta Gonçalves Veiga Brito, Fabiane de Sousa Gomes, Giuliana Binello, Renato Ferrari, Rosa Maria Vazquez Romero, Melissa Alarcon Guilherme Cristofaro, Vitoria de Godoy Ferrari