60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Pacientes do sexo feminino com diagnóstico de Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente (EMRR) apresentam maior prevalência de disfunção sexual (DS)? Um estudo analítico transversal de pacientes brasileiras

OBJETIVO

EMRR, doença autoimune do sistema nervoso central caracterizada por perda de axônios e gliose, afeta mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo, principalmente jovens em idade reprodutiva. Dentre vários sintomas da EMRR, a DS é um dos sintomas negligenciados durante o atendimento clínico de rotina, sendo necessário dimensionar seu impacto.

MÉTODOS

Estudo analítico transversal realizado entre novembro/2020 e novembro/2021. Incluídos 80 pacientes com EMRR e 106 no grupo controle. Coletados dados demográficos, realizado exame neurológico e aplicado questionários sobre disfunção sexual (Multiple Sclerosis Intimacy and Sexuality Questionnaire - MSISQ-19 - e Female Sexual Function Index - FSFI) e sobre depressão e ansiedade (Beck's Depression Inventory – BDI - e Beck Ansiedade Inventory - BAI). As características demográficas foram relatadas como proporções e média ± DP ou mediana ± IQR. A presença de DS foi descrita de acordo com os parâmetros qualitativos (associação foi realizada com testes Qui-quadrado ou testes exatos) e características quantitativas (comparadas de acordo com a presença de DS com o uso de testes t-Student ou Mann-Testes de Whitney). As análises estatísticas foram realizadas usando IBM-SPSS para Windows versão 20.0

RESULTADOS

Observamos alta prevalência de DS em ambos os grupos (43,4% em pacientes com EMRR e 38,8% no grupo controle) através da escala FSFI. Foi observada maior prevalência (56,3%) de DS em pacientes com EMRR quando se utilizou o MSISQ-19 como instrumento de avaliação da sexualidade, em comparação com a escala FSFI (p = 0,016), com significância estatística. A presença de sintomas ansiosos (53,2% para EMRR e 47,2% para o grupo controle) e depressivos (37,2% para EMRR e 38,8% para o grupo controle) foram estatisticamente semelhantes entre os grupos (p > 0,05) e com alta prevalência.

CONCLUSÕES

Não encontramos maior prevalência de DS em pacientes com EMRR, mas observamos alta prevalência em ambos os grupos e o instrumento específico (MSISQ-19) foi capaz de revelar que pacientes com EMRR apresentaram maior prevalência de DS em comparação com o instrumento FSFI. Além disso, os sintomas ansiosos e depressivos também foram estatisticamente significativos em relação a DS em pacientes com EMRR, por isso sugerimos fortemente que os profissionais de saúde avaliem e tratem essas comorbidades em todos os pacientes com EMRR em paralelo com abordagem de disfunção sexual, bem como sugerimos o uso do questionário específico para avaliar a função sexual dessa população.

Área

GINECOLOGIA - Sexualidade

Autores

Elisa Matias Vieira Melo, Flavia Lima de Oliveira Ruano, Guilherme Sciascia Olival