60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Aplicabilidade de polímeros sintéticos na vitrificação de tecido ovariano bovino

OBJETIVO

A preservação da fertilidade em pacientes com câncer objetiva assegurar a saúde reprodutiva futura, uma vez que muitos tratamentos oncológicos são gonadotóxicos. A criopreservação de tecido ovariano oferece essa oportunidade para meninas pré-púberes e para casos em que o início da quimioterapia não pode aguardar o tempo requerido por outras técnicas, como a criopreservação de oócitos ou de embriões. Entretanto, a criopreservação de tecido ovariano ainda necessita de aperfeiçoamento técnico para se chegar a uma combinação de crioprotetores mais eficaz, e o modelo bovino se presta a tais experimentos devido à semelhança fisiológica com o ovário humano. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a aplicabilidade de uma nova classe de crioprotetores, os polímeros sintéticos, na criopreservação por vitrificação de tecido ovariano bovino.

MÉTODOS

Ovários bovinos foram obtidos a partir de animais abatidos para consumo em um abatedouro local (n=10). O córtex foi extraído e cortado em 30 fragmentos, que foram divididos em três grupos (n=10 por grupo): controle fresco, vitrificação com e sem polímeros sintéticos. Os tecidos frescos e aqueles vitrificados e aquecidos foram fixados em paraformaldeído e corados por HE para posterior análise morfológica. Para análise funcional, folículos secundários foram isolados mecanicamente de tecidos frescos e criopreservados e foram cultivados em matriz de alginato até atingirem o estágio antral. O meio de cultivo foi coletado para posterior dosagem de estradiol e progesterona.

RESULTADOS

Os folículos que passaram pela vitrificação com e sem polímeros apresentaram uma sobrevida similar entre si e menor que a do controle fresco (χ²(2) = 19,87; p< 0,0001). Todos os grupos avaliados foram semelhantes na taxa de formação de antro (χ²(1) = 0,6569; p< 0,4176). Em todos os grupos houve crescimento folicular durante o cultivo. No entanto, os folículos frescos e com adição de polímeros aumentaram de diâmetro durante todo o cultivo, ao passo que os folículos sem adição de polímeros cresceram apenas na primeira semana. No fim do cultivo, os folículos que passaram pelo processo de vitrificação produziram menos estradiol e progesterona que os frescos (p < 0,05), mas sem diferença entre os vitrificados com e sem polímeros.

CONCLUSÕES

A combinação do uso de polímeros sintéticos na vitrificação de tecido ovariano é uma técnica promissora, que poderá proteger o desenvolvimento folicular, mas são necessários mais estudos que possam aperfeiçoar esse protocolo.

Área

GINECOLOGIA - Reprodução Humana

Autores

Taynná El Cury-Silva, Monique G Nunes, Aline F Vasconcellos, Jhenifer K Rodrigues, Fernando M Reis